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    Zumbilândia - Atire Duas Vezes
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Zumbilândia - Atire Duas Vezes

    Reaproveitando a fórmula

    por Barbara Demerov

    Em certo momento de Zumbilândia - Atire Duas Vezes, o personagem de Jesse Eisenberg diz ao amigo que o modo dele falar "é muito 2009". Essas palavras definitivamente fazem sentido na sequência de Ruben Fleischer que fez um sucesso estrondoso há uma década. Não só o modo dos personagens falar remete a este ano: o modo deles agirem e toda a composição do universo pós-apocalíptico também. Isso não é um problema, mas ao mesmo tempo também pode ser visto como a razão pela qual o filme não sai efetivamente do lugar.

    Assim como a brincadeira do personagem de Eisenberg, há muitas outras para pescar ao longo da narrativa. O elenco composto por quatro atores indicados ao Oscar (sendo apenas Emma Stone detentora de uma estatueta) claramente se divertiu ao filmar esta sequência de encontros e desencontros em um mundo dominado por zumbis. Passados dez anos do capítulo anterior, poucas coisas realmente mudaram na vida do quarteto: Columbus e Wichita ainda são um casal e Tallahasse e Little Rock garantem uma dinâmica "pai e filha" ainda mais aflorada.

    Apesar de tudo parecer bem dentro da realidade mais próxima do normal que puderam encontrar, obviamente a graça está no caos, no mais inesperado que pode haver com essa estranha família. Isso não acontece em larga escala como no primeiro filme, mas existem alguns contornos na estrada que retomam todo o brilho pelo qual muitos espectadores admiraram em 2009 - tanto pelo humor afiado de Woody Harrelson como pela naturalidade com que o mundo zumbi era tratado. Naquele ano, The Walking Dead estava ainda em seus primórdios na televisão, saindo das HQ's, e a cultura zumbi estava prestes a se encontrar com um novo e imenso público.

    Dito isso, 2019 é definitivamente outra época. Certos tipos de humor já soam datados quando colocados fora do timing, e certos estilos de personagem também. A mocinha loira e burra, que pode ou não ter plena noção de como as pessoas a veem, é um tipo de personagem já não utilizável na cultura pop há tempos - especialmente em filmes de larga escala do gênero trash e/ou suspense. Mas, de forma surpreendente, este estereótipo está em Zumbilândia na pele da personagem de Zoey Deutch. Seria essa uma piada que gostaria de dizer que, na época em que aquele mundo paralisado está situado, os clichês também pararam no tempo? Pode até ser, mas o roteiro não dá abertura para pensarmos isso durante suas falas que beiram o absurdo e a rejeição do quarteto perante ela. A personagem de Deutch é uma ironia que não dá certo.

    Mas é claro que, em outros aspectos, Zumbilândia - Atire Duas Vezes dá muito certo sem beirar o exagero. Elvis Presley, carros gigantes, uma dupla idêntica a Columbus e Tallahassee nos trejeitos e personalidades e uma participação especial adicionam o toque particular que fez Zumbilândia ser tão adorado: a mistura de nonsense com uma narrativa ágil e dinâmica que não perde tempo para explicar cada uma de suas etapas. Os elementos que orbitam este universo são o que são. Há zumbis estilo Homer Simpson e há jovens hippies que vivem sem armas mesmo em meio a zumbis. Simples assim.

    Zumbilândia - Atire Duas Vezes não é o caso específico de uma história desperdiçada, mas a intenção de reunir um elenco mais pelo fato dele ter uma bela química quando unido deixa esta sequência simplesmente convincente e que entretém pelo humor pontual, mas sem adicionar novas características ao mundo pós-apocalíptico. O foco novamente recai nos diferentes tipos de pessoas que sobreviveram aos zumbis e nas relações criadas ali, mas algumas permanecem apenas supérfluas diante da comédia inevitável. A mensagem que podemos tirar da sequência é basicamente a mesma que vimos no original: Tallahasse, Little Rock, Whicita e Columbus são mais fortes juntos. Mas, com dois filmes similares em humor mas não em intensidade, Atire Duas Vezes soa mais como uma reafirmação de algo que já deu certo.

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