Eleito como o novo “Crepúsculo”, “Dezesseis Luas” é igualmente baseado num livro mirado ao público infanto-juvenil que mistura elementos fantásticos (bruxas e feitiçarias ao invés de vampiros iluminados pelo sol) com um romance adolescente em seu núcleo, escrito por Kami Garcia e Margaret Stohl. As diferenças são a qualidade das duas obras (a da nova série é melhor) e por consequência ou não, o sucesso junto ao público desejado.
“Dezesseis Luas” não apelou às órfãs de Edward e Bella como planejado. Pelo menos não por enquanto, lembrando que “Crepúsculo” tomou consciência do que seria no segundo exemplar. Na trama passada numa minúscula cidade sulista dos EUA, Ethan Wade é um jovem popular e carismático, que deseja desesperadamente sair de tal fim de mundo. Nada para ele tem mais graça no local, até a chegada de uma nova aluna em sua classe, Lena Duchannes.
Ela é parte de uma família rica e temida pelos fanáticos religiosos locais, cujo tio Macon Ravenwood, que vive numa decrépita mansão, é tido como adorador de Satã. Ao longo os dois jovens principais começam a se conectar, e Ethan vai descobrindo mais do que ele podia imaginar sobre sua cidade e as lendas locais. Lena é uma jovem bruxa, e chegou na idade em que irá decidir (ou melhor, será decidido para ela) se continuará boa ou cambará para o “lado negro”... .
“Dezesseis Luas” obviamente é recomendado para adolescentes, mas a boa notícia é que não fere os adultos que decidirem acompanhar seus filhos, ou críticos que precisam avaliar a obra. O filme acerta em muitos quesitos. O cenário da pequena cidade é perfeito, assim como a descrição do protagonista logo no começo, quando diz que o único cinema exibe filmes que já saíram em DVD.
Os sotaques são carregadíssimos, e os protagonistas (os novatos Alden Ehrenreich e Alice Englert) envergonham o casal de “Crepúsculo” em carisma e química. Os diálogos escritos ou adaptados pelo diretor Richard LaGravenese (de “Escritores da Liberdade” e “P.S. Eu Te Amo”) são rápidos e espertos, aqui não temos tempo para longas encaradas “significativas”.
Os veteranos Jeremy Irons (o tio Macon), Emma Thompson (Sra. Lincoln / Sarafine), Viola Davis (Amma) e até Emmy Rossum (Ridley) dão certa credibilidade à obra, ao mesmo tempo em que “devoram” a tela com seus personagens chamativos, em especial Irons, Thompson e Rossum. O relacionamento entre os jovens protagonistas, que é o centro da trama, funciona e é crível o suficiente. O resto é igualmente intrigante para um produto juvenil.
É interessante ver explorado com detalhes o que as autoras prepararam para esse mundo. Com certo humor implícito, e algumas vezes explícito, certas cenas dentro da mansão lembram algo como “A família Addams” ou “Os Monstros”, onde somos apresentados a diversos personagens “coloridos”. O ponto negativo são os efeitos visuais, alguns de tão ruins parecem inacabados, como a figura que ocupava o corpo da personagem de Thompson. Nada que impeça o resultado geral, e certa vontade de mais após o desfecho.