A obra é uma enorme abreviação do trabalho de Frank Herbert, conquanto não seja, a meu ver, um completo fracasso. Para conseguir contar a história com coesão sem que os detalhes fosse ocultados para o grande público, o diretor foi forçado pelo estúdio a utilizar uma narração em off no início e, provavelmente, também foi obrigado a lançar mão de uma torrente de diálogos expositivos que inflam a obra. Apesar das falhas, como obra em si, é um filme com ritmo dinâmico, história intrigante e com um fim fechado, além de prender o cinéfilo de carteirinha, que não se incomoda com os efeitos especiais datados porque respeita o cinema da época. Na verdade, Star Wars foi apenas um pouco mais sortudo ao figurar como uma ficção épica, embora o primeiro filme contenha uma das piores e mais mal-ensaidas cenas de luta (a de Obi-Wan Kenobi contra o Darth Vader) e, ainda assim, não se possa afirmar que Star Wars seja uma obra ruim, apenas presa na década de setenta. Eu gostei de Duna, embora ache que o diretor David Lynch esteja completamente fora de seu nicho aqui. Seus primeiros filmes possuem o tom surreal, hermético e aterrorizante a, aqui, apresenta-se em um tom palatável, apesar de psicodélico, e o fim não tem absolutamente nada de lynchiano, com suas cenas finais fora do contexto que foi estabelecido, como em Veludo Azul, A Estrada Perdida e Twin Peaks. Este é um filme de Lynch e do estúdio. O próprio diretor nega seus créditos pelo mesmo.