A lenda está de volta. Um dos grandes astros do cinema de ação das últimas décadas, após uma grande passagem pela política, retorna às telonas em mais um típico filme do gênero. Claro que estou falando de Arnold Schwarzenegger, que, apesar de não ser tecnicamente um bom ator, esbanja carisma, não há como negar. Em “O Grande Desafio”, o estreante em Hollywood, Kim Jee-Woon, não abre mão de reutilizar clichês acerca de uma trama simples e mostrar todo o seu talento para conduzir sequências de ação espetaculares mesclando-as com humor na hora certa.
O xerife Ray Owens (Arnold Schwarzenegger) é um homem que, após participar de uma operação policial extremamente malsucedida, desiste de tudo e vai para a pequena cidade de Sommerton Junction combater o crime, praticamente inexistente naquela região. Porém, tudo muda quando um dos prisioneiros mais perigosos do FBI consegue fugir do confinamento e segue em direção à fronteira para se esquivar da jurisdição norte-americana. Mas, para escapar, o criminoso terá de passar por Sommerton Junction e pelo xerife Owens e sua equipe de policiais inexperientes.
A trama, em si, chega a ser moldada de modo interessante – mesmo que convencional –, porém, não se engane, os mais tradicionais estereótipos estão lá: o xerife durão do interior, o vilão playboy, o detetive insistente, o bandido que se redime e, acredite, o velho clichê de que o simples fato de se usar um distintivo torna alguém policial – isso se repete várias vezes aqui. Mas, por incrível que pareça, o satisfatório roteiro de Andrew Knauer consegue tornar os pontos negativos e repetitivos em diálogos cômicos que incrementam o humor do longa. “Sinto-me velho”, responde o xerife Ray a alguns moradores da cidadezinha onde trabalha em um momento da fita, ironizando a sua inegável velhice. Afinal, será que o astro já está na hora de se aposentar? Eu diria que não... ele ainda rende uma boa diversão.
O fato é que o ritmo de “O Grande Desafio” é frenético e envolvente, várias tramas paralelas se desenvolvem no início de modo bem fluido, fazendo com que a trama chegue, aos poucos, no lugar que já sabemos: a briga do herói com o vilão. Mas, em meio a tal abundância de clichês, o diretor Kim Jee-Woon trata logo de prender a atenção do espectador com – repetindo – espetaculares sequências de ação, tiroteios e alucinantes perseguições de carro sem, claro, deixar o humor de lado. Ora, a missão do filme é trazer o astro Schwarzenegger de volta ao cinema no seu estilo carrancudo de ser na tentativa de cativar novos admiradores do gênero, não desenvolver uma notável narrativa.
Fora o protagonista, alguns nomes conhecidos também completam o elenco, principalmente Forest Whitaker, que faz o detetive chato e persistente, e Rodrigo Santoro, que faz uma divertida participação de um ex-militar que se une ao xerife para travar um visceral tiroteio nas ruazinhas de Sommerton – sequência que é, inclusive, o empolgante clímax do filme, com direito a mutilações, disparos de grandes metralhadoras, mais perseguições e, como não poderia faltar, o grande momento de Ray que, contrariando a todos, prende
sozinho um dos homens mais procurados dos EUA.
Enfim,
os fãs do ator e, sobretudo, do gênero têm muitas chances de embarcar no longa. Afinal, “O Grande Desafio” é muito bem produzido, satisfatoriamente roteirizado e com uma narrativa, digamos, cativante, e que – mesmo não inovando em absolutamente nada e trazendo, como de costume, uma enxurrada de clichês – cumpri plenamente sua proposta como um genérico (mas não inconvincente) filme de ação. Ou seja, se você se interessou pelo que a produção propõe, as chances são grandes de gostar; caso o contrário, sugiro que escolha outra opção.
Simplesmente, uma mera diversão...