Diretor: Ava Duvernay
Ator/ Atriz: David Oyelowo, Tom Wilkinson, Carmem Ejogo
Acredito que muitas pessoas já ouviram falar sobre Martin Luther King. O pastor protestante que lutou pelos diretos civis dos negros, norte americanos. Já ouvimos e já lemos muitas coisas sobre sua influência e liderança a frente do movimento, e como não falar sobre o famoso discurso: “I have a dream”. Partindo dessa premissa, Selma, nos mostra mais um ponto importante na vida desse líder e outros tantos fatores de luta contra o racismo.
O filme traz vários pontos positivos que só acrescentam mais veracidade, crueldade e emoções fortes para a história. Um dos pontos positivos é a representação de Martin. O ator, David Oyelowo, traz algo bem comum e simples para esse ícone, nada de forçar algo de superior para o papel, talvez possa ser uma orientação da sua própria diretora, pois, no filme inteiro, Martin, é mostrado dentro dessa visão. É a simplicidade do líder, cheio de pensamentos, dúvidas e incertezas que é representada de forma brilhante pelo David.
Não precisa mostrar o Dr. King, numa névoa divina, cheio de características ou qualidade dignas de um homem superior. Ele foi apenas um homem que lutou por seus iguais, que enfrento tudo e a todos numa ideologia de não agressão, que abdicou de fatores como sua esposa e seus filhos para pensar num melhor para todos. Ele é superior por suas atitudes. Tanto foi que a diretora escolheu um ponto não tão lembrado ou midiatizado da vida do político.
Outro ponto relevante no filme é que, sinceramente, eu não sei se posso dizer que esse filme é biográfico, acho que esse filme se torna muito mais que somente a história de Martin, claro que, a trama é norteada pela figura emblemática do pastor, mas acredito que o que aconteceu em Selma, vai muito mais além, pois, é a história dos negros que combateram de forma pacífica a tirania branca. Se for assim, outros negros que fizeram a diferença nessa situação são deixados de lado, sem importância, e personagens históricos se perdem e empobrecem a trama.
E chegamos ao ponto mais importante no filme. Esse filme se mostra muito relevante, levando em consideração ao acontecimento de alguns meses atrás nos Estados Unidos, que ficou conhecido como caso Ferguson. Ainda somos racistas. E, é através desse tipo de filme que confrontamos nossos preconceitos. E não é por intermédio de Martin ou de qualquer um militante no filme que temos nosso melhor exemplo, e sim, nas pessoas que ajudam a polícia a espancar aquelas pessoas na ponte, ou os clientes passivos no restaurante onde o jovem Jimmie Lee Jackson é morto e também, nas atitudes do governador do estado e do presidente dos Estados Unidos.
Exemplos a não serem seguidos, exemplos que possamos tomar com base para não repetir esses erros grotescos.