O filme é baseado na obra do afamado William Shakespeare, e mesmo a despeito da linguagem mais elaborada Coriolanus mostrou-se acessível e intenso.
A obra de Shakespeare, pode-se dizer, é atemporal, e a adaptação para filme conseguiu captar a intensidade do dramaturgo.
Tudo começa com a fome em Roma que acomete aos cidadãos a se rebelarem contra o governo. O foco do filme não é este conflito mas sim o conflito interno de Caius Martius o herói forte, violento em suas ações contra o inimigo, porém orgulhoso e que não mede palavras de injúrias contra o povo comum. Caius consegue fomentar a discórdia quando é indicado a Cônsul de Roma, daí inicia a desavença política interna e, como é de se esperar, as brigas entre os favoráveis para que ele tome o posto e os que se colocam contra tal nomeação.
É muito claro que Martius não anseia pelo posto que sua mãe, Volumnia, tanto insiste que ele tome. De fato é ela quem deseja ver o filho banhado em glória e com o maior status que ele puder angariar.
Martius se mostra um verdadeiro Ulisses na luta contra o inimigo, mas por fomentações de discórdias provindas de políticos contrários à sua nomeação caí numa armadilha bem quando resolve engolir o orgulho que possui e o preconceito contra seus concidadãos. É crido que ele consegue se intento, mas aqueles que o querem derrotado plantam as sementes que o farão ser banido de Roma pela própria cidade já que a voz de Roma é a voz do povo - tecnicamente, pois politicamente falando não é bem assim.
Martius possui um inimigo feroz, que se equipara a ele mesmo em força, garra e violência, trata-se de Tullus Aufidius. É possível ver, quando estes se encontram, que como dois lobos fortes e conscientes da força do opositor nutrem um sentimento de devoção e respeito mútuo um pelo outro, e o sentimento se transforma até o final da trama.
O final da trama é surpreendente e o filme, tal qual a obra, prende o espectador - ou leitor - até descobrir o fim de cada personagem.
Coriolanus é uma obra atemporal, consegue retratar o que foi o mundo há 400 anos e conseguirá retratá-lo daqui mais 400 anos.
Como adaptação conseguiu manter a intensidade e formalidade das falas escritas pelo dramaturgo, mesmo que o filme se passe em tempos modernos. O contraste da língua mais elaborada e dos cenários "novos" empresta ao filme um tom de irrealidade que casou perfeitamente a transcendentalidade do contexto, dos dramas, das artimanhas políticas e dos sentimentos mais próximos a nós como o amor, o ódio e a vingança.