Slovenian Girl: Crítica AdoroCinema

Poderia ser brasileira, americana, argentina ou de qualquer outra nacionalidade. Descartando características culturais de cada país, as dores e os dissabores de ser prostituta são os mesmos, o que dá um caráter universal a Slovenian Girl. É a típica história da jovem do interior que, para se sustentar na cidade grande, decide virar garota de programa no intuito de pagar os estudos e melhorar de vida. Tal decisão, é claro, cobra seu preço.

Pelo tema abordado o filme lembra um pouco o brasileiro Bruna Surfistinha, só que sem o clima de festa e a imersão no mundo das drogas. Aleksandra, a Slovenian Girl do título, quer apenas levar uma vida tranquila, fazendo programas ocasionais e sendo bem paga por eles, ao mesmo tempo em que cursa sua faculdade. De semblante sério, ela carrega consigo uma tristeza quase permanente. A breve alegria que demonstra é sempre relacionada ao seu novo apartamento, uma conquista pessoal obtida graças à sua vida oculta.

Se por um lado Aleksandra tem a chance de melhorar de vida rapidamente, por outro precisa se submeter a todo e qualquer capricho dos clientes. Além dos perigos e agressões inerentes à profissão, há ainda a ameaça constante do meio ao qual está inserida. Em determinado momento ela passa a ser ameaçada por dois homens que desejam ser seus cafetões. "Somos uma firma séria", um deles diz, como se fosse um negócio como outro qualquer. De certa forma é, ainda mais com o forte laço de impessoalidade aplicado à história.

Slovenian Girl é um bom filme que apresenta, sem clímax, o dia a dia de uma jovem que, para alcançar seus sonhos, resolve se prostituir. Seu maior interesse não está propriamente nos clientes atendidos, mas no conflito interno entre levar uma sonhada vida normal e ter que lidar com os imprevistos causados pela profissão. Ou, como revela a canção "Bobby Brown Goes Down", de Frank Zappa, trata-se de um sonho americano distorcido, onde o ideal de prosperidade e felicidade é buscado por meios nem um pouco convencionais.