Nesse ano, ao menos, nenhum título foi tão apropriado como o desse filme. Confiar fala exatamente disso, confiança, sobre decidir ou não seus limites, e no meio dessa discussão,o longa acaba se tornando um drama familiar complexo por meio do pai obsessivo com a situação da filha, e sua oposição à não-aceitação da garota acerca do que realmente ocorreu com ela. O filme é de uma sensibilidade tremenda, e totalmente verossímil, ele consegue transpor a história, envolver o telespectador e ligar todos esses pontos, que poderiam facilmente cair em pieguice, de uma forma magistral. Além de tocar em um assunto BEM polêmico com uma prudência que é até bonito de se ver.
E isso, somado aos aspectos técnicos do filme também serem totalmente competentes. Já sou fã do velho Ross como diretor! O roteiro, nem se fala, bem construído. E também gostei muito da trilha, ainda que quase nula, mas que pontua momentos cruciais no filme.
Não há o que falar das atuações, essa menina Liana Liberato DÁ UM SHOW, me arrepiei com ela, na cena em que transtornada, depois de finalmente perceber que havia sido estuprada de verdade, chora nos braços da psicóloga (brilhantemente interpretada por Viola Davis, que é mestra em abismar com poucos segundos em tela), que diante da hostilidade do pai e da impotência até então da mãe, seria seu único ombro amigo no momento.
Também não tem como reclamar da atuação do Clive Owen, e apesar de não ser surpresa (ele sempre foi bom), empresta um tom característico ao pai a medida que vai se tornando um cara "louco" por descobrir quem violou a filha, e assim, preso em sua certeza, não tendo a capacidade percebendo que ela o fez porque quis. Não reclamaria se ele recebesse uma indicação da Academia, sei lá, pra Ator Coadjuvante.
Enfim, mais um ótimo filme nesse ano (que tá muito bom, de fato) e recomendadíssimo.