Com uma humilde bagagem de filmes vistos no mundo da sétima arte, posso dizer com êxito, mesmo assim e até precipitadamente, que essa provavelmente é uma das únicas obras cinematográficas que me embriagará tão arrebatadoramente. Sempre o Trier. Não tenho muita base, mesmo pra elogiá-lo.
Mas tudo nesse filme embriaga; a música do Bethoven que culmina os vários picos do filme, as cenas meio-estáticas no início que parecem uma pintura viva, os diálogos e até a depressão. Principalmente a depressão. Dunst, aqui em Justine, se banhando na luz do planeta Melancolia depois de, fisicamente e nas suas expressões expor a depressão que a corrói após um casamento fracassado, é embriagante.
Sim, Melancolia não é sobre um planeta que vai destruir a Terra. É sobre a depressão, que por seja-lá-qual-motivo, pode visitar qualquer um, já que todos estão sujeito à vida. Essa vida, a minha, a sua, que não é nada perto do vasto universo, que nem sentiria a nossa falta e a da Terra, destroçada tão delicadamente por outro planeta.
Câmera, fotografia, atuação, diálogo, orquestrados com tanta magnitude compõem um filme tão tragicamente belo.