Para o fim do mundo: Melancolia.
Um filme de grande sucesso e responsável pela atuação brilhante e sombria de Kirsten Dunst, Melancolia tornou-se uma das obras geniais de Lars Von Trier. O filme é dividido em duas partes, a primeira se passa no casamento de Justine e durante a cerimônia conhecemos o espírito melancólico e perturbado de Justy como é chamada pela irmã. Apesar das primeiras cenas do filme o casal prestes á selar seu matrimônio parecer bastante apaixonado, sua relação não perdura até o final da primeira parte do filme. O caráter triste de Justine é desvendado aos poucos dentro de seu casamento, o primeiro sinal da sua insegurança vem após o discurso de sua mãe, totalmente cética quando se trata de casamentos e decepcionada por ver Justine decidir-se casar, apesar da influência da sua mãe a noiva permanece distribuindo sorrisos falsos e atitudes forçadas para manter as aparências, porém foge da própria festa sempre que encontra oportunidade, como se não estivesse sendo a noiva e sim uma das convidadas que espera ansiosamente o término da cerimônia. Podemos perceber que a personagem vive mundos paralelos, aquele regido pela sociedade onde está ocorrendo seu casamento e outro escrito por seus sentimentos inseguros, tal ambiguidade é notável na cena que enquanto seu futuro marido espera para ter sua primeira noite de sexo com Justine, ela o abandona e tem relações sexuais com outro em seu próprio matrimônio. Depois de conhecer a loucura e tristeza que carrega Justine para a depressão profunda, entramos na segunda parte do filme e conhecemos agora Claire, irmã de Justine. Diferente de toda insanidade que penetra sua família, Claire é um exemplo de uma mãe carinhosa e esposa zelosa, na primeira parte do filme é quem segura todas as confusões causadas pela insegurança de Justy. Claire é uma mulher que confia cegamente nas crenças de seu marido e que como a maioria se sente segura ao viver no planeta terra. Porém outro planeta chamado Melancholia, azul como o mar, ameaça colidir com o planeta terra. John, marido de Claire, não acredita na possível colisão entre os planetas, e convence a esposa que desesperada com essa possibilidade, larga qualquer medo ao acreditar na hipótese de seu marido. Melancolia na verdade, ao que foge dos olhos dos telespectadores logo no começo, trata-se de um filme sobre fim do mundo em uma perspectiva nunca vista antes, o que nos faz aplaudir mais um vez o trabalho de Lars Von Trier. A exploração dos sentimentos dos personagens em relação ao planeta que se aproxima é feita minuciosamente durante a segunda parte do filme o que o torna um enredo puxado. A Justine que está mais depressiva do que nunca e enfrenta uma obscuridade terrível, vê-se confortável com o fim do mundo e automaticamente da sua depressão. É claro que quanto mais o planeta se aproxima de sua vida medíocre, mais seu espírito vivido volta a ser, no caso para Justine, a morte é conforto de sua dor. A cena em que nua, admira Melancholia, mostra a vivacidade trazida por esse novo planeta para Justine. Porém Claire desespera-se em apenas imaginar o seu fim e de sua família, apesar de ser acalmada á todo instante por seu marido John e suas suposições positivas criadas pela sua admiração pelo planeta, Claire sofre com cada instante ansiosa por ser apenas uma passagem. Ao final do filme percebemos pelo suicídio de John que Melancholia irá realmente destruir a Terra destruindo toda vida que habita neste planeta, ao mesmo tempo que Claire dá-se conta da sua morte iminente, o telespectador já não tem mais esperanças. Diferente de outros filmes como 2012, O dia depois de amanhã e outros que contam sobre o fim do mundo, Melancolia não mostra a gritaria, o medo, o desespero e a lenta destruição do mundo, e sim mostra os sentimentos do homem em relação á tudo isso, nos filmes recheados de efeitos especiais catastróficos, ficamos com medo desses ataques enquanto que em Melancolia temos medos de nós mesmos ao nos imaginarmos nessa situação, o que faríamos quando chegasse a hora¿ Poderíamos fazer igual Justine, que mesmo depressiva, em sua morte esteve em paz dentro de uma cabana mágica criada pela sua grande e notável melancolia.