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    Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras

    ELEMENTAR DIVERSÃO ELETRIZANTE

    por Roberto Cunha

    Sequências de um sucesso são sempre desafiantes para quem faz ou vai assistir. Na cabeça dos produtores existe a missão inglória de se superar e na do espectador, sem compromisso, surgem aquelas cobranças, muitas vezes, cruéis.

    Quem entra na sala escura sem ter visto o Sherlock Holmes (2009) dirigido por Guy Ritchie, continua tendo motivos para se surpreender. São eles o humor afiado, elenco de primeira, aquele visual mais sujo e o estilo inconfundível do cineasta - usando e abusando - da violência com câmeras super lentas para extrair beleza e causar impacto com cenas pouco convencionais.

    Por outro lado, quem está ambientado com esse "novo" universo sherlockiano e é muito exigente, pode até se queixar. O que será uma pena, pois não precisa ser gênio para deduzir que o frescor do primeiro filme jamais se repetirá. Mas se a continuação mantém, no mínimo, o padrão do que se viu no anterior, qual é o crime dos realizadores?

    Na história, o Dr. Watson (Jude Law) está de casamento marcado com sua amada Mary Morstan (Kelly Reilly), mas seu esperto amigo Holmes (Robert Downey Jr.) tem uma nova teoria conspiratória, envolvendo o professor Moriarty (Jared Harris), seu arqui-inimigo. De acordo com o detetive, o vilão está por trás de uma série de assassinatos e tem profundo interesse em desestabilizar a paz entre as nações. E a chave para solucionar o mistério pode estar na relação da cigana Simza (Noomi Rapace) com os anarquistas do passado.

    Como se vê, o jogo tem várias peças no tabuleiro, movidas sempre com o intuito de dar ao espectador a sensação de ter ganho algo. Diálogos inspirados e sequências de ação fantásticas são elementos adicionais dessa aventura, que mesmo sendo de época, mexe com conteúdo da atualidade, como a indústria armamentista, o tráfico de drogas e a sujeira política por trás das relações internacionais.

    Repleto de detalhes e com uma boa trilha sonora, vez por outra ornamentada com um tic tac do relógio para gerar suspense, o roteiro do desconhecido casal Kieran e Michele Mulroney (Tempo de Crescer) é frenético e bem amarrado. E explora a forte amizade da dupla, debochando da homossexualidade já atribuída a eles, em imagens e texto, revelando um Holmes incomodado com a união que irá separá-los.

    Para os observadores de plantão, são muitas citações e referências. E transitam facilmente entre uma clássica homenagem ao compositor austríaco Schubert (quinteto para piano A Truta), passam por um vinho de 1789 (Revolução Francesa), chegam em terras brasileiras (no veneno/curare amazônico) e invadem universo ficcional alheio numa - muito curiosa - imagem do Coringa de Batman - O Cavaleiro das Trevas, representada no rosto borrado do protagonista na sequência do trem.

    Do ponto de vista estético, além da preocupação com a textura envelhecida das imagens, as "deduções" continuam bem representadas pelas sequências do diretor, que honra as tradições das lutas de rua, cita Bruce Lee (cambalhota na parede) e usa o Jiu-Jitsu brasileiro nas lutas do "seu" hiperativo e divertido investigador, criado por Arthur Conan Doyle.

    Tomara não seja você alguém que olha tudo e nem sempre vê o que procura, mas que acabe encontrando em Sherlock Holmes - O Jogo de Sombras elementar diversão eletrizante. Porque vale o ingresso.

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