O ritmo lento e o comedimento cênico do filme articulam bem o desconforto perante a presença do vampiro. Seus trejeitos são bastante peculiares na contradição de possuírem certa afetação, mas sempre aliada a uma austeridade que não permite todo o desenvolvimento de uma performance física. Sobram expressões faciais amedrontadoras, entonação amaneirada, porém tudo possui um ritmo tão pausado, circunspecto, que emana estranheza. Podemos sentir realmente uma força, desejos macabros nesse personagem e sua luta para controlá-los em certas situações.
A ausência de trilha sonora, também ausente em Frankenstein, aponta para um realismo das cenas, aqui ainda mais ampliado do que no filme de James Whale, por conta dessa mise-en-scène mais lenta. O próprio uso de fusões entre as cenas contribui para um fluxo que mantém seu ritmo comedido.
Se, por um lado, o ritmo do filme favorece na construção da atmosfera em torno de Drácula, torna-se prejudicial quando o horror cênico não atinge a ampliação esperada. Se essa circunspecção funciona nas relações muito próprias de um vilão buscando conter seus desejos primitivos, não consegue articular nada muito significativo nas resoluções das cenas.
Isso fica mais evidente quando todo o núcleo familiar que cerca Mina, a personagem de Helen Chandler, possui uma dinâmica genérica dos primeiros filmes sonoros, em que situações que poderiam muito bem ser resolvidas através da imagem, tornam-se redundantes pela necessidade de verbalização do texto. Além da insipiência dramática dessas cenas em si, o contraste disso com a figura contida do vampiro não imprime dialética relevante.
A sequência final torna-se somente um desfecho protocolar, em que fica clara a dificuldade de Tod Browning em retirar algo a mais dessas dinâmicas entre os personagens. Assim como em Frankenstein, acaba sendo uma resolução muito confortável, que reassegura o espectador em suas poltronas, e torna a presença do monstro um mero inconveniente, episódio breve na vida fútil destes personagens de pouca simpatia.