Poderíamos pensar que a espiral de eventos de O Chamado terminaria com o sucesso de Rachel no segundo filme, mas nada disso, 12 anos depois, temos O Chamado 3, levemente baseado no livro Spiral de Koji Suzuki.
O filme começa demonstrando a extensão dos poderes de Samara. Nessa cena, também conhecemos a expansão da fita de vídeo cassete maldita. Uma cena de abertura um tanto exagerada, mas aterrorizante pelo contexto. Então avançamos 2 anos e é aí que O Chamado 3 realmente começa com Gabriel Brown procurando artefatos específicos demais, dando a entender que a maldição de Samara já é uma lenda urbana.
Todavia, os verdadeiros protagonistas são os namorados Julia e Holt, que tentam manter uma relação à distância quando Holt desaparece. Eventos suspeitos levam Julia a investigar o paradeiro de Holt. E então a história segue nos mesmos moldes do primeiro filme da franquia americana com uma investigação sobre o passado de Samara.
A trama em si é bem construída, encaixando bem os fatos deste filme com os fatos descritos nos dois filmes anteriores. Não me senti traído quanto à história de fundo de Samara em O Chamado 3.
Entretanto, o conjunto da obra é um tanto desconexo. O Chamado 3 explora as origens de Samara tendo como foco principal a história de sua mãe, Evelyn. O problema de O Chamado 3 é a motivação de Samara. Em O Chamado 1, Samara era apenas reativa, tirando a vida dos amaldiçoados que não quebravam a maldição em 7 dias; em O Chamado 2, Samara é proativa, fortalecendo-se com o aumento de sua popularidade e formalizando um objetivo claro: querer uma mãe. Em O Chamado 3, o objetivo de Samara é completamente diferente do objetivo original, levando-a a elaborar um plano complexo que se inicia com Julia e Holt sem nenhum motivo aparente, apenas pela causalidade do filme.
E é claro que o desfecho disso tudo é simplista, um pouco óbvio. Oras, Braille, em 2017, não é um sistema novo nem desconhecido. Um professor brilhante como Gabriel Brown notaria isso imediatamente, mas o enredo não permite.
O Chamado 3 fecha o ciclo da franquia americana, que procurou ignorar a pseudociência que a obra original de Koji utiliza e focar em criar uma história de fantasma e assombração. Por mais que este filme tente trazer um pouco da subjetividade pseudocientífica, ao final temos apenas um filme genérico de terror com a clássica, e cansada, reviravolta nos minutos finais.