Para o desenvolvimento do projeto, o diretor Claude Miller se inspirou no romance "La petite fille de Menno", de Roy Parvin. Esta história relata a viagem de uma mulher, de quarenta anos, que segue os passos do seu ex-marido, que faleceu. Miller ficou particularmente interessado pelo encontro de duas mulheres que amavam o mesmo homem e pela necessidade do indivíduo abandonado de descobrir quem é a pessoa pela qual seu companheiro a deixou.
Claude Miller tentou reproduzir a atmosfera do livro, criando um universo etéreo e sensacional, mas com um conflito íntimo profundo. A trama foi transportada para a França, transformando os personagens intelectuais nova-iorquinos em boêmios parisienses. O diretor também alterou o personagem principal, para que ele parecesse mais francês. No livro, Vic é um aventureiro alcoólatra, um temperamento tipicamente americano.
Claude Miller também foi influenciado pelo romance "Trois femmes puissantes", de Marie Ndiaye. Nesta obroa, três heroínas africanas enfrentam a tirania masculina, humilhações e pobreza. Elas armam-se com coragem e perseverança, qualidades que o diretor queria mostrar através dos personagens do filme.
Durante a adaptação do roteiro, Claude Miller fez questão de acabar com qualquer traço de ciúme entre as mulheres. A curiosidade e a fascinação superam qualquer tipo de desconfiança mútua existente nessa relação. Segundo o diretor, saber quem é o outro é um passo fundamental para compreender a si mesmo.
Para destacar as diferenças entre as heroínas do longa, Claude Miller atribuiu grande importância à forma como cada uma delas amava o mesmo homem. O diretor acredita que ninguém gosta da mesma forma, mesmo que o objeto de amor seja igual.
No cinema de Miller, as relações entre pais e filhos são sempre bastante complicadas. Em Voyez comme ils dansent, ele revela uma rivalidade secreta e frustrante. Em Um Segredo em Família (2007), uma criança solitária aprende uma verdade dolorosa sobre o passado dos seus pais. Já Feliz que Minha Mãe Esteja Viva (2008), revela a história de um jovem que procura a mãe biológica.
A ameaça à cultura indígena é um dos temas principais do filme. Claude Miller documentou fatos da história, cultura e situação política de populações indígenas americanas. Ele também assistiu diversos documentários sobre a vida dos indígenas no Canadá , sua condição social e a tentativa de manter as tradições.
O papel da médica Alex estava preparado para Marina Hands, originalmente. Entretanto, o diretor Claude Miller ficou preocupado que a francesa não convencesse o público ao interpretar uma americana, apesar da aparência e do bilinguismo da atriz. O diretor deu o papel para a atriz Maya Sansa enquanto Marina ficou com o papel de Lisa.
Neto de Charles Spencer Chaplin, James Thierrée não é apenas um ator, mas também um showman. Ele criou vários espectáculos que combinam teatro, acrobacias, malabarismo, dança e música. Claude Miller afirmou que se Thiérrée não tivesse aceitado fazer o longa, o projeto do filme teria sido cancelado. O ator participou da elaboração do espetáculo apresentado pelo personagem Victor Clément.
Segundo o diretor, o título do longa "Voyez comme ils s'agitent" evoca uma idéia de marionetes que se debatem inutilmente. Claude Miller desejava chamar seu filme de "De la vie des marionnettes", mas esse título já havia sido utilizado em um filme de Ingmar Bergman.
Embora seja um drama, Voyez comme ils dansent possui diversas sequências de comédia. Claude Miller assume que os franceses constumam escolher entre a tragédia e a comédia, Molière ou Jean Racine, mas acredita que a verdade da vida humana é encontrada na mistura dos dois gêneros. O diretor destaca que, em uma mesma jornada, as pessoas transitam por diferentes emoções, passando por euforia e tristeza, raiva e ternura. Esta dinâmica é utilizada por dois dos seus diretores preferidos: Jean Renoir e Woody Allen.
Este é o sexto filme em que o ator Yves Jacques trabalha com o diretor Claude Miller. Os outros foram: Viagem de Férias (1998), La Chambre des Magiciennes (2000), Betty Fisher E Outras Histórias (2000), A Pequena Lili (2002) e Um Segredo em Família (2007). Miller diz que o ator é uma espécie de Geoffrey Rush canadense, um Alec Guinness ou Peter Sellers moderno...
Voyez comme ils dansent foi filmado no Canadá, com uma equipe de Quebeque.
Filmar em grandes espaços foi uma experiência de descobertas para Claude Miller, o diretor continua adepto ao closeu-up. Miller explica que baseou-se na disposição espacial realizado por John Ford, no filme A Mocidade de Lincoln, e no longa de Kenji Mizoguchi, onde é a natureza que está em close-up e não os personagens.
A natureza toma conta das pessoas em Voyez comme ils dansent. Para Claude Miller, é preciso mostrar as pequenas, ou grandes, travessuras dos seres humanos em uma natureza que faz exatamente o que quer. Para o diretor, isso não menospreza os sentimentos humanos, pelo contrário, ver os indivíduos se debatendo nessa terra é, ao mesmo tempo, emocioanante e patético.
A música do filme é assinada por Vincent Segal, responsável pela composição de Feliz que Minha Mãe Esteja Viva (2008). Em Voyez comme ils dansent, o universo mental de cada pesonagem corresponde a uma música específica. Para Claude Miller, a música é um reflexo da alma e pode nos definir, consolar, excitar...
Para efetuar a montagem do longa, Claude Miller baseou-se no trabalho efetuado por Marc Donskoi em um filme soviético, no qual o passado e o presente estão ligados repetidamente. Para Miller, passar por esta forma de irrealismo é fundamental para a criação de associações intertemporais. O cineasta preferiu utilizar uma montagem com conexões emocionais, ao invés de ligações cronológicas.