Eu tenho uma página que fala sobre arte e psicologia, tem vários filmes fantásticos para abordar a infância, mas com certeza esse não pode ficar fora da lista.
Deparamo-nos logo no início do filme, com uma das tentativas de suicídio de Léon, onde essa não foi à primeira, mas foi uma das que quase levaram ao objetivo esperado pelo menino. É muito desconfortável pensarmos em tentativas de suicídio em crianças, mas apesar do que possa parecer, isso não é tão raro, e é importante que tenhamos em mente, que as crianças inicialmente não têm essa noção da morte como algo absoluta e irreversível, o suicídio infantil em sua maioria não deve ser compreendido como um desejo de morrer, mas sim de acabar com um sofrimento, e isso pode ser observado em algumas cenas do filme na vida do pequeno Léon.
Com o filme conseguimos entender que Léon vive numa dicotomia muito grande: por um lado, ele quer ter uma família “normal” e feliz, mas, por outro, ele mesmo não é “normal” nem feliz, levantando mais uma vez um questionamento do que viria a ser “felicidade” e “normal”. O filme oscila entre a busca pelo "normal" e a contradição que é saber que ninguém o pode ser. Um exemplo válido dessa impossibilidade de “normal” apresentada no próprio filme, é quando Léa, uma vizinha do bairro, que também tinha 10 anos, diz que não sabe brincar de Barbie. Ou seja, espera-se que ela como criança e do sexo feminino brincasse de Barbie, ela é uma criança, e sendo criança deveria brincar de coisas "normais", mas nunca lhe foi dado essa oportunidade. Assim como o ser criança é uma construção histórica, o entendimento de “normal” também diz respeito a uma construção. O enredo do filme trabalha muito em cima da desconstrução do que se esperar das pessoas, e do que viria a ser “normal” e felicidade.
Poderia adentrar muito mais afundo no filme, mas o mesmo traz muitas questões interessantes para serem debatidas. É um filme que foge do padrão de filme infantil, é surpreendente do início ao fim. Os diálogos são brilhantes e as interpretações naturais, por vezes pensamos ‘como uma criança pode chegar a tais linhas de pensamentos?’, mas acreditem, elas podem.
-----------------------
Caso queiram ler o texto completo, só procurar por @suspireeviva nas principais redes sociais.