Monstros existem, e o o famoso "King Kong" existe a muito tempo no cinema, assim como também o Godzilla e muitos outros. E na tentativa de tornar essas gigantes feras famosas no cinema mais uma vez, a Warner está tentando criar uma espécie de universo cinematográfico de monstros, para enfim botá-los uns contra os outros futuramente. Começou com o "Godzilla" em 2014, que foi em sua maioria bem recebido, e agora chega "Kong: A Ilha da Caveira" em 2017. E o resultado alcançou minhas expectativas, entregando tudo o que eu queria ver de um filme de monstro e não se importando em ter mais do que isso.
Há várias críticas do filme, dizendo que ele não é bom porque a história é fraca e clichê. E por mais que eu concorde que um bom roteiro ou uma premissa original sege importante para um filme, muitas pessoas acham que um roteiro básico e simples é uma falha. Para mim, isso pode sim ser uma falha, mais pode também ser uma proeza e é exatamente o que esse filme faz, porque ele nunca se propõe a ser mais inteligente que o espectador. Pois a final você não vai ver um filme do Kong por uma história complexa ou personagens memoráveis, você vai pra ver ele lutando contra monstros gigantes e pra se divertir com as cenas de ação, e é justamente por admitir que o foco está aí e que o resto é uma mera ferramenta para a ação, que o filme funciona tão bem.
Um dos principais acertos, é a direção do até então desconhecido Jordan Vogt-Roberts. Há muita inspiração e empolgação na maneira como ele dirige o filme, que me deixou bem impressionado, é como se ele fosse uma criança cheia de imaginação que acabou de ganhar os melhores brinquedos pra suas brincadeiras. É tudo cheio de estilo, com cores fortes, planos variados de corte, horas em que a câmera é fluida e horas em que ela é frenética, câmera lenta e por aí vai. Chega a lembrar um pouco o Zack Snyder, mais com muito menos exagero do que ele. Outro ponto interessante é que nenhuma cena de ação tem uma estrutura similar as outras, tornando cada momento mais único e diferente, o que mantem o interesse no filme, e aumenta o desejo de ver mais ação. E não há nenhum momento em que eu não pensei em "Apocalypse Now" enquanto assistia a esse filme, pois ele presta muitas homenagens claríssimas do filme, e isso é ótimo.
A produção é espetacular, digna de ser chamada de "super-produção" devido aos 185 milhões de dólares de orçamento, e que foram muito bem gastos. Os sets construídos são incríveis, há um em específico que envolve uma mata cheia de ossos e caveiras que é muito impressionante. A fotografia é vibrante e muito bonita. O CGI do Kong é perfeito, não há um momento em que eu não acreditei na presença dele, tanto pela sua imponência e seu enorme tamanho, quanto também do olhar dele que é cheio de expressão. O design das outras várias criaturas espalhadas na ilha é cheio de criatividade. A trilha sonora funciona bem, sem contar as músicas clássicas que vão tocando ao longo do filme. E o 3D vale todo o seu dinheiro, pois te faz parecer uma formiga na presença do Kong, sem contar a imersão durante a ação, portanto procure a maior tela que você puder ver e em 3D.
Como já mencionei, a história é básica e sem qualquer originalidade ou surpresa, mais ao menos os personagens, em sua maioria, não sofrem do mesmo destino. Por mais que nenhum deles mude até o final, eles tem suas apresentações e motivos para estarem aonde estão que são compreensíveis, e os atores usam seus talentos para ao menos deixá-los carismáticos. O Tom Hiddleston é cheio de presença e charme, a Brie Larson tem uma doçura formidável e ela não é indefesa, o Samuel L. Jackson entrega um bom antagonista e o John C. Reilly entrega um coadjuvante divertido porém com seus momentos mais dramáticos. E não deixem de conferir a cena pós-créditos, pois ela vale todo seu tempo, eu garanto isso.
"Kong: A Ilha da Caveira" é um dos filmes mais divertidos que eu já vi no cinema e também um dos mais honestos. É um verdadeiro espetáculo de ação, que empolga e impressiona pela escala de produção épica e na criatividade visual do diretor. Os atores estão sólidos, e tudo o que ele te promete no trailer é entregue com muita competência. Pode até não ser perfeito, mais um filme não precisa ser isso pra deixar sua marca e deixar seu público mais do que satisfeito. Portanto assista, e tente vê-lo no cinema, pois é esse tipo de filme que merece ser visto numa tela grande.