Minha conta
    Max Steel
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Max Steel

    Desperdício de energia

    por Bruno Carmelo

    Antes dos anos 2000, as produções de super-herói ainda eram consideradas produtos de nicho, destinadas sobretudo a garotos adolescentes. O grande salto comercial de empresas como Disney/Marvel e Warner/DC foi expandir o leque do discurso, mirando igualmente as mulheres, os adultos e o público infantil, de todas as etnias, grupos sociais e partes do mundo. Sagas como Vingadores ou Batman vs Superman são inofensivas em sua violência sem sangue e seu amor sem sexo, mas possuem efeitos especiais rebuscados o suficiente para convencer um adulto. Aos poucos, esse tipo de produção perdeu o aspecto depreciativo, tornando-se uma referência para quem busca espetáculos à base de efeitos especiais.

    Neste sentido, Max Steel constitui um filme à moda antiga, com orçamento limitado e capacidade de comunicação ainda menor. O foco são os pré-adolescentes, já que o diretor Stewart Hendler adota a estrutura típica das produções da Disney Channel. Não existe a preocupação em criar uma mitologia – ou seja, funções e regras inéditas de um universo particular que permitam a expansão em futuras histórias – apenas uma delineação moral: o vilão é um tipo malvado que pretende destruir a Terra porque sim, o herói é um órfão destinado a honrar a grandeza de seu pai, a briga entre forças opostas apenas serve a reforçar a ideia de que toda família se ama, se protege e comete sacrifícios quando necessário.

    No meio deste xarope sentimental está a descoberta de Max McGrath (Ben Winchell) sobre seus poderes: o jovem é capaz de gerar “energia líquida”, embora o roteiro nunca consiga imaginar uma aplicação efetiva para essa energia. Pior ainda é o robô Steel (voz de Josh Brener), um ser alienígena que não se parece em nada com um robô: falando como um ser humano cínico, repleto de piadas e trocadilhos, ele mais parece um humorista de stand up comedy pouco inspirado, preso em um humanoide com garras de aço e olho piscante. Convenientemente, o androide sofre de “lapsos de memória” que permitem ao roteiro ocultar informações importantes até o final. Steel deve ter sido a aposta dos produtores para o sidekick engraçado e capaz de vender mais brinquedos às crianças, mas o humor extraído do personagem é sofrível.

    Para ser justo, ele não é o único elemento deslocado neste universo. Max é interpretado por um ator de 22 anos de idade, fazendo o papel de um garoto de 16 anos com atitudes de jovens de 13 anos. Seu par romântico, que aparece após uma tropeçada na escola (quando vão se cansar deste clichê?), é apenas uma mocinha acessória responsável por surgir à sua frente sempre que Max precisa de ajuda. Todos os personagens se comunicam em diálogos explicativos, dizendo quem são, o que querem, para que serve tal aparelho, de que maneira podem combater o inimigo. O vocabulário pseudotecnológico, repetindo “energia”, “núcleo”, “força” e “explosão” beira a paródia.

    Por mais que se tente destacar as qualidades do projeto, Max Steel ostenta poucos atributos louváveis. É triste ver Maria Bello e Andy Garcia participando de um roteiro tão fraco, sob direção de um cineasta pouco experiente, incapaz de criar ritmo, suspense ou desenvolver cenas de ação. Ben Winchell tampouco parece destinado a trabalhar em projetos melhores depois desta experiência. A adaptação dos brinquedos poderia gerar alguma cacofonia feroz do tipo Transformers, um universo militarizado como G.I. Joe ou ainda a vertente épica de Battleship – A Batalha dos Mares. No entanto, por se limitar aos moldes da descoberta do amor e da autoconfiança, Max Steel torna-se uma produção desinteressante como filme de ação e trivial como ensinamento de valores.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top