O que mais ainda se pode falar deste filme? Sério, já é algo até cômico a tentativa de qualquer pessoa de trazer um nuance, um tema sobre esse clássico que ainda não tenha sido exaustivamente discutido. Talvez seja a obra cinematográfica mais conhecida na história da sétima arte, mesmo quem nunca assistiu, já ouviu falar pelo menos uma ou duas vezes na vida, é uma verdadeira força da natureza, é atemporal. Um longa de valor e importância ímpares, sem dúvida. Não sei se é o melhor já feito, afinal isso é muito relativo e teríamos que presumir que se trata de um filme perfeito, mas nenhum é. Mas aqui faço um convite para quem lê, vamos testar uma coisa: Esqueça tudo que já ouviu sobre The Godfather, tudo que já leu, etc...Finja que é nada mais que um filme qualquer que acabou de sair em home video e você vai vê-lo aleatoriamente pela primeira vez. O que você achou? Assistindo puramente como cinéfilo, fanboy, movie nerd que sou, minha avaliação simplista e inteiramente pessoal é essa: O Poderoso Chefão é um drama criminal extremamente bem feito com uma trama imersiva de temas universais, uma parábola sobre a jornada do imigrante na América, uma história arrebatadora sobre família, traição, e amor. Um filme sobre a força das circunstâncias na formação de uma pessoa, através dos olhos de Michael Corleone(que é o verdadeiro personagem principal do filme, onde todas as atenções podem estar voltadas para a excelente atuação de Brando, mas este é na verdade o show de Pacino), que sempre fez de tudo para fugir do caminho do crime talhado pela sua família, mas que é tragado e consumido pelo seu inevitável "destino". Como o patriarca, "o Padrinho" da Cosa Nostra, Vito Corleone, não há muito mais para falar do desempenho de Marlon Brando, ele parece nem se esforçar, como se fosse fácil... Simplesmente inacreditável. Al Pacino parece que nasceu para a vocação que exerce já faz 50 anos, o ator some completamente no papel. Então, falando tecnicamente sobre o elenco, visual, direção, etc... É um longa impecável. Mas assistindo já com um certo distanciamento de sua Era, por vezes soa um tanto cansado. Claro que é natural que o ritmo de filmes mais antigos pareça mais lento para um público mais jovem, mas existem certas cenas que eles simplesmente poderiam ter diminuído substancialmente, ao meu ver. No geral, o ritmo do filme é muito bom, principalmente no terceiro ato, porém se tivessem tirado uns 15 minutos seria perfeito. Outro problema é o excesso de personagens caricatos demais, de uma nota só, no núcleo principal, o Sonny de James Caan é sem dúvidas carismático, mas ele começa a ficar muito repetitivo com o passar do tempo. As personagens femininas, Kay e Connie, também são interpretadas por atrizes competentes, porém o roteiro não dá muito à elas, as fazendo apenas de meros recursos do argumento para mover a trama de um ponto ao outro e garantir um nível mais pessoal ao filme, mas no geral, são personagens unidimensionais que não fariam falta. As cenas em Las Vegas soam um tanto deslocadas do resto do filme, em sua totalidade e encenação. De resto, é claro que "O Padrinho" é um ótimo filme de máfia, com momentos inesquecíveis e atuações espetaculares, mas acredito que sua enorme fama o beneficiou na mesma medida em que o prejudicou, porque não tem como ir vê-lo sem enormes expectativas. É um grande filme, porém falho pontualmente, sua conclusão é satisfatória, mas me deixou com sentimentos conflitantes demais depois para que eu efetivamente possa chamá-lo de uma Obra-prima. Enfim, um filme obrigatório para qualquer pessoa pela sua imensa importância, que também só denota as qualidades de seu sucessor(na minha opinião, um filme mais conciso), bem como o fato de que alguns filmes podem receber elogios demais para o seu próprio bem....