Segredos e Mentiras: Recentes críticas

Um drama familiar emocionante, contando uma história com temas sensíveis. Os diálogos são bem elaborados e as cenas bem filmadas, com destaque para a cena do churrasco, que, para um leigo, a filmagem pareceu complexa. Os atores e atrizes trabalharam bem, contribuindo para o engrandecimento do filme. Com certeza, merecedor de todo o sucesso que obteve da crítica.

Dirigido com maestria por Mike Leigh, Segredos e Mentiras é um drama sensível e profundamente humano que aborda questões de identidade, pertencimento e relações familiares com uma honestidade rara. A história gira em torno de Hortense (Marianne Jean-Baptiste), uma jovem britânica negra e bem-sucedida que, ao buscar suas raízes, descobre que sua mãe biológica, Cynthia (Brenda Blethyn), é branca, de classe trabalhadora e vive em um ambiente marcado por tensões familiares.

O filme é notável por sua abordagem intimista, construída a partir de diálogos improvisados e performances absolutamente naturais, marca registrada de Leigh. Brenda Blethyn entrega uma atuação excepcional como Cynthia, transitando entre fragilidade e força com uma autenticidade comovente, que lhe rendeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cannes. Marianne Jean-Baptiste também se destaca, trazendo uma presença serena e ao mesmo tempo impactante.

Vencedor da Palma de Ouro em Cannes e indicado a cinco Oscars (Filme, Direção, Atriz, Atriz Coadjuvante e Roteiro Original), o longa é um exemplo brilhante de como o cinema pode explorar temas universais de maneira profundamente particular e emocionalmente ressonante. A direção de Mike Leigh transforma situações cotidianas em momentos de pura catarse, equilibrando drama e leveza de forma magistral.

Mais do que apenas um drama familiar, Segredos e Mentiras é um retrato incisivo da complexidade humana e das divisões sociais, abordando temas como classe, raça e aceitação com uma sensibilidade que transcende o tempo. É um exemplo poderoso de um cinema que emociona sem apelar para artifícios, mostrando que histórias genuínas podem ser mais impactantes do que muitos dos produtos comerciais de hoje.

Um diretor como Mike Leigh que consegue (ousa) em fazer uma cena, de apenas um plano, com 9 minutos de duração merece o meu respeito. Não apenas em uma cena, mas em várias durante o longa. E isso não é preguiça de acertar foco, luz, planos e contra-planos, e sim, uma linguagem de muito risco, já que além de você acreditar no potencial dos atores (e que boa parte teve a arte da improvisação), tem que ter um imenso cuidado com todo o ambiente em volta. O roteiro e a criação dos personagens foram tão intensos e detalhados, que só a elaboração de todo o enredo, durou cerca de 4 meses. Um filme que apesar das cenas ''paradas'' visualmente falando, não cansa. Um drama familiar de se emocionar.

Esse é um filme para se emocionar. O tema é forte e as interpretações de Marianne Jean-Baptiste e Brenda Bethlyn, ambas indicadas ao Oscar, respectivamente como coadjuvante e principal, por suas atuações valem o tempo passado em frente a tela.