“Sou datilógrafa, virgem e gosto de Coca-Cola”. Essa é a maneira como Macabéa (Marcélia Cartaxo, numa das performances mais emblemáticas do cinema brasileiro) se auto-descreve. A personagem é considerada uma das mais clássicas da literatura brasileira e é uma criação de uma das mais celebradas autoras do nosso país, Clarice Lispector.
Na adaptação “A Hora da Estrela”, dirigida e co-escrita por Suzana Amaral, as características pessoais de Macabéa são potencializadas. Aos 19 anos, migrante nordestina, semi-analfabeta, curiosa, sonhadora, ingênua, infeliz e desprovida de qualquer maldade, Macabéa é engolida pela realidade de uma cidade grande e, principalmente, por relacionamentos (com o namorado Olímpio, com colegas de trabalho, com as companheiras de quarto) em que ela não consegue reconhecer as humilhações e os abusos.
Lançado originalmente em 1985, “A Hora da Estrela” ganhou uma cópia digitalizada e com áudio remasterizado, idealizada especialmente para a Sessão Vitrine Petrobras. O filme estreia em 16 de maio e é uma ótima oportunidade para o público conferir aquele que é considerado um dos melhores longas do cinema brasileiro em todos os tempos, vencedor do Urso de Ouro de Melhor Atriz, no Festival de Cinema de Berlim, em 1985.