Minha conta
    Enterrado Vivo
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Enterrado Vivo

    HAJA FÔLEGO

    por Roberto Cunha

    Você está cansado dos filmes de ação com tiros para todos os lados? Não agüenta mais ver histórias iguais, apenas com personagens diferentes? Seus problemas acabaram. Os mais de 90 minutos deste filme contam – praticamente – com um único ator e um disparo. Loucura? Pode apostar que não.

    Enterrado Vivo começa com uma boa trilha de abertura, como aqueles temas de antigamente, de seriados clássicos como "Terra de Gigantes", "Túnel do Tempo", entre outros. Para completar o bom clima, os créditos vão surgindo na tela como se fosse um organograma de uma empresa e vai descendo, descendo (tudo a ver), até a hora de começar o filme.

    Silêncio absoluto. Nada na tela. Tudo preto. E você não leu errado. É isso mesmo. Um interminável minuto transporta o espectador para dentro da atmosfera claustrofóbica onde o americano Paul Conroy (Ryan Reynolds), que trabalha no Iraque, se encontra sem saber exatamente o porquê. O lugar? Um caixão de madeira, bem furreca.

    Depois desse começo interessante, a proposta continua legal na medida em que, junto com ele, o público vai desenrolando a trama que tem como pano de fundo uma inevitável crítica aos Estados Unidos e sua políica de ocupação. Munido de um isqueiro e um celular (toma-lhe merchandising), providencialmente deixados por seus algozes, o que se descobre na sequência é que a vítima tem pouco tempo de bateria e, principalmente, de vida. Afinal de contas, o oxigênio vai acabar.

    Para quem achou pouco, o cara sofre de ansiedade, toma remédios e vai enfrentar, como todos mortais que precisam telefonar, as inexoráveis transferências de ligação, musiquinha de espera, os indefectíveis jingles comerciais e até as secretárias eletrônicas, atualmente, em extinção. Agora, se é irritante para você, imagine para alguém preso debaixo da terra, que precisa arrumar o dinheiro pedido pelos sequestradores.

    Apesar de ter sido recentemente premiado nos Estados Unidos pelo roteiro original, e contar com a boa atuação de Reynolds, convincente em seu confinamento, as “licenças criativas” em cima de um argumento difícil de ser desenvolvido, podem incomodar os mais exigentes. Porque é fato que o roteiro cedeu à tentação de plantar algumas bobeiras desnecessárias, que não podem ser contadas para não estragar a surpresa.

    É curioso ver também como a internet virou parte integrante dos filmes, espécie de "personagem coadjuvante", com suas inúmeras variáveis de comunicação sendo lembradas a todo momento. Aqui, a estrela citada é o You Tube e, pela característica da ferramenta (vídeo), a produção flerta seriamente com o sadismo, e vai mexer com muita gente.

    Assim, com um orçamento bem enxuto e rodado em pouco mais de duas semanas pelo desconhecido espanhol Rodrigo Cortés, Enterrado Vivo tem tudo para ser um típico filme de extremos. Chegará ao céu pela turma que morrerá de amor pela ideia inusitada e, de certa forma, bem apresentada. Ou conhecerá a bacia das almas a convite daqueles que até acharam a proposta criativa, mas quase morta, independente do bom final. E haja fôlego.

    Assista o trailer e saiba mais sobre o filme em Enterrado Vivo.

    Quer ver mais críticas?
    Back to Top