JOGO ANIMADO
por Roberto CunhaSequência de uma franquia milionária, egressa de um famoso seriado de televisão, Missão Impossível - Protocolo Fantasma chega nos cinemas mundiais com a novidade de ter um subtítulo e cumprindo o ritual de ter um novo diretor. O que isso tem de importante? São duas exigências do ator e produtor Tom Cruise, que não queria um número "4" no projeto, mas a escolha de um novo "piloto" fez diferença, principalmente, para os mais exigentes.
As credenciais de Brad Bird estão longe de ser ruins. Apesar de nunca ter dirigido um filme com atores reais, no mundo da animação seu primeiro longa O Gigante de Ferro (1999) não fez sucesso, mas os dois seguintes - já na Pixar - receberam muitas indicações e prêmios, como o Oscar de Melhor Animação para Os Incríveis (2004) e Ratatouille (2007).
O filme de agora começa com um cena de bom impacto visual, protagonizada por Josh Holloway (seriado Lost) e a jovem expoente Léa Seydoux (Robin Hood). A abertura ornamentada pela antológica trilha criada por Lalo Schifrin no passado e revisitada agora pelo badalado DJ Tiesto, remete ao seriado mostrando cenas futuras da trama, recurso de algumas produções televisivas.
Esse começo acelerado deixa claro que trata-se de um filme de ação e dos bons, mas na medida que o "pavio" segue queimando, o espectador mais atento começa a sentir um cheiro diferente e não é de pólvora. Ao som de Dean Martin (parceiro de Jerry Lewis e membro do tradicional Rat Pack), o agente Ethan Hunt (Cruise) escapa de uma prisão numa sequência surreal e está dado o recado desta produção: o viés pelo humor.
Na história, os agentes da IMF foram "desativados" (razão do subtítulo) por causa de um atentado terrorista ao Kremlim (qualquer semelhança com o WTC de 2001 não é mera coincidência). Hunt está disposto a provar que tudo não passa de uma conspiração maior, que visa desestabilizar a paz entre as duas potências: Rússia e Estados Unidos. Antigo, né? Mas ainda rende.
Apesar de um desnecessário "draminha" com os personagens de Jeremy Renner e Paula Patton, a aventura tem bom ritmo, cenas impressionantes e imagens gigantes de excelente qualidade (25 minutos de IMAX) garantem o espetáculo visual. Tem de tudo, desde as básicas perseguições automobilísticas, a tradicional corrida a pé de Cruise (sempre) e até uma pancadaria entre duas mulheres. Aliás, lutadores de MMA precisam saber o segredo de aguentar tanto sopapo e permanecer de pé.
O knockdown só acontece quando a brincadeira excessiva neutraliza o envolvimento do espectador no suspense, como aconteceu numa das sequências no prédio mais alto do mundo. Feita para causar agonia, quiseram fazer graça. Outro sinal de alerta é o comediante Simon Pegg brilhar mais do que os outros em cena.
Ainda assim, deixando de lado o merchadising exagerado e o exagero de muitas cenas, não será difícil se divertir com as inúmeras situações de perigo e tensão que vão se avolumando na medida que o roteiro (cheio de licenças) avança. Afinal, sem apoio da organização e no melhor estilo "exército de um homem só" (com três ajudantes), o herói vai superando várias "fases", como em um video game, para derrotar um inimigo com o sugestivo nome de Cobalto. Parece um jogo. E é. Só que no cinema.
Leia a entrevista com o diretor e o produtor, clicando em Entrevista - Missão Impossível: Protocolo Fantasma.">