Relíquia com Origens.
Existem pérolas pouco conhecidas no ramo de animação que surgem com pouco furor mas, quando identificadas, são capazes de causar uma grande satisfação naquelas pessoas cuja sensibilidade com a nostalgia salta aos olhos. Alô Amigos é um curta que possui tal capacidade, principalmente pelo uso de personagens em situações curiosas.
Lançado em 1942 com o propósito de estreitar laços com países da América Latina, Alô Amigos é um curta dos estúdios Disney dividido em quatro segmentos, sendo eles protagonizados por personagens consagrados. A premissa desta animação surge comentando a necessidade dos animadores em criar novos conteúdos e, para isso, viajam por 4 países latino americanos para conhecer um pouco das culturas locais e fazer uso delas em seus personagens.
A primeira viagem é para o Peru, na qual o famoso, e estressado, Pato Donald conhece o lago Titicaca e a população local, além de visualizar um pouco da tradição dos moradores, incluindo aí o artesanato, Donald ainda se envolve em confusões com um lhama bem desengonçada.
O segundo segmento leva os animadores para o Chile. Aqui somos apresentados ao pequeno aviãozinho de nome Pedro, ele é responsável por efetuar as entregas de correspondências para a cidade de Mendoza quando seus pais adoecem. A viagem sofre com os percalços de um forte temporal e as dificuldades de se ultrapassar o monte Aconcágua, é divertido, entretanto, o trecho mais fraco dentre os quatro presentes.
Já famoso no universo da animação naquela época, Pateta protagoniza o terceiro trecho. Ao chegar nos pampas argentinos, o cowboy texano Pateta resolve aprender um pouco da cultura do gaúchos locais, desde suas vestes típicas até as danças com calças e passadas agitadas. O carisma do personagem resulta em confusões já conhecidas pelo público e fãs do personagem.
Por fim, a viagem nos leva para o território tupiniquim, pousando em solo carioca. A visita ao Rio de Janeiro serve como base para a criação do famoso personagem Joe Carioca, ou como conhecemos aqui: Zé Carioca. Este talvez seja o segmento mais divertido e bem produzido do curta, pois é uma beleza inenarrável, fazendo uso constante das cores intensas e diversificadas, além de canções de Ary Barroso (Aquarela do Brasil) e Zequinha de Abreu (Tico-tico no Fubá), uma pérola.
Já com décadas passadas desde seu lançamento, ALÔ AMIGOS não conseguiu envelhecer, sua animação característica e meticulosa mostra a grande habilidade dos animadores lá nos anos 40. É um curta que impressiona pela deliciosa parte artística e sonora, causando um fantástico vislumbre pela imponência dos traços e a presença curiosa de personagens fumando e bebendo cachaça.