O faz de conta que encanta
Já parou pra pensar em como as animações do cinema agradam tanto a crianças quanto a adultos? Eu mesmo sempre gostei desses filminhos, desde a época dos clássicos da Disney, como “O Rei Leão”, “Pocahontas” e “Aladdin”, a que assistia vidrado e repetidamente com meus pequenos sobrinhos, tudo em VHS. Tudo bem que, naquela época, eu era adolescente e filmes infantis faziam parte da minha rotina. Mas eu cresci e continuei a saga em animações, tendo como favoritos uma lista infinita, que passa por “Madagascar”, “A Era do Gelo”, “A Fuga das Galinhas”, “Shrek”, “Ratatouille”, “Procurando Nemo”, “Kung Fu Panda”, “Rio”, “Os Incríveis”, “Up - Altas Aventuras”, até chegar ao último que vi no cinema: “Os Croods”, que ainda está em cartaz.
Se for parar pra pensar, além da diversão em si, de os desenhos serem muito bonitinhos e perfeitos, e por terem belas histórias que te prendem e te encantam, essas animações sempre tiveram excelentes lições de moral, que servem para a formação das crianças e caem como uma luva na vida de muitos adultos. Seja na princesa dando valor à beleza de uma fera, na diferença entre cães e gatos ou na igualdade de dois mundos entre a moça moderna e um Tarzan, conseguimos tirar proveito da história, e aquelas horas de filme se tornam muito mais que uma simples comédia.
Em “Os Croods”, o medo de Grug, o pai ogro de uma família das cavernas, os faz sobreviver naqueles tempos nada fáceis e pré-históricos. Só que a filha mais velha, Eep, com ares de rebeldia, quer conhecer o novo, buscar o mundo além da caverna para, assim, deixar de sobreviver e começar a viver. Tudo começa a mudar quando ela conhece o rapazinho aventureiro Guy, que lhe apresenta a realidade cheia de mudanças e a iminente chegada do “fim do mundo”. Se os baixinhos já podem tirar algo proveitoso dessa luta pelo medo do que é novo, os altinhos também deliram com um roteiro com grandes sacadas familiares, como a relação do casal, os reflexos na criação dos filhos e ainda a popular vontade de matar a sogra.
Mas o que mais me marcou e me emocionou (sim, eu choro até em animações) foi a importância dada à necessidade de dizer, pra ontem mesmo, que amamos alguém. Por mais escura que seja uma caverna ou por mais difícil que seja nos alimentar entre animais ferozes, lutando pela nossa sobrevivência, temos o dever interior de demonstrar o que se passa em nosso coração, de valorizar até aquele mais antigo, esquecido e pré-histórico sentimento que está ali escondido. Se até uma adolescente rebelde e cavernosa conseguiu fazer isso, imagine nós, contemporâneos, tecnológicos e milimetricamente avançados?! É só largar aquele osso rotineiro, explorar o desconhecido sentimental e delirar com as criações e descobertas diárias, como se tudo fosse do tamanho da criação de uma roda ou da fascinante invenção do fogo. Isso, sim, é evolução da espécie.