Indicada ao Oscar 2014 da categoria, a animação “Os Croods”, dirigida e escrita por Kirk De Micco e Chris Sanders, se passa numa época em que os homens eram, literalmente, das cavernas e tinham como preocupação principal, no seu dia a dia, proteger a sua família e proporcionar a ela o alimento para a sua sobrevivência. O personagem principal do filme, Grug (dublado por Nicolas Cage na versão original) é uma espécie perfeita desse tipo. Ele passa os seus dias confinado com sua família – a esposa Ugga (dublada por Catherine Keener na versão original), a sogra Gran (dublada por Cloris Leachman na versão original) e os filhos Eep (dublada por Emma Stone na versão original), Thunk (dublado por Clark Duke na versão original) e Sandy (dublada por Randy Thom na versão original) – dentro de uma caverna da qual eles só saem na luz do dia para se alimentarem antes de voltarem rapidamente para o seu habitat.
O roteiro escrito por Kirk De Micco e Chris Sanders se apoia na seguinte premissa: ao decidir confinar sua família dentro de uma caverna, por receio de ameaças que nem ele sabe direito quais são, Grug ficou sujeito à curiosidade e à vontade própria de seus filhos, que vão querer seguir seus próprios caminhos e vão questionar aquilo que seu pai acha ser o melhor para eles. É importante frisar que isso é completamente natural, uma vez que os pais criam seus filhos para o mundo e a grande dificuldade deles é reconhecer quando chegou o momento de, finalmente, libertá-los para que eles possam viver as suas próprias experiências.
Isso é vivido, no filme, por meio do relacionamento entre Grug e sua filha mais velha Eep, que, num momento de “rebeldia” contra as decisões paternas, conhece Guy (dublado por Ryan Reynolds na versão original) e, ao ver a forma como ele se adapta às diferentes situações com as quais é confrontado e os conhecimentos que ele possui, fica curiosa em relação ao mundo lá fora. O interessante em “Os Croods” é que, aos poucos, a animação vai mostrando que a curiosidade em relação ao novo não é algo somente presente em Eep. Todos os membros de sua família, ao vivenciarem novas aventuras, percebem e descobrem coisas sobre si mesmos que eles não conheciam.
Por isso mesmo, “Os Croods” acaba sendo um filme perfeito para se ver com toda a família. Não só por causa de uma trama que fala muito bem sobre os relacionamentos familiares, notadamente os que se estabelecem entre os pais e seus filhos. Mas, principalmente, por causa das nuances do seu roteiro. À primeira vista, a animação é uma história de amor, porém, na realidade, o ponto principal do longa é a jornada de transformação de Grug. Ao ver sua família, aos poucos, perdendo a confiança no líder familiar que ele era, a personagem é obrigada a se redefinir, a buscar o seu papel diante do novo mundo que começa a se desenhar entre eles. Ver a família de Grug redescobrindo a si mesmos e o laço forte que os une é uma das coisas mais bonitas de “Os Croods” – ao lado do visual coloridíssimo da obra.