Samurais de primeira
por Lucas SalgadoConhecido pelo público dos festivais, o diretor Takashi Miike já foi apontado como um "Quentin Tarantino oriental". A classificação surge da necessidade de se explicar aquilo que ainda não se conhece e, por isso, é injusta. O cineasta japonês tem um estilo próprio, apesar de dividir com o americano o gosto pela violência estética. Mesmo assim, é pouco para enquadrarmos no mesmo tipo de cinema.
Em 13 Assassinos, Miike presta quase que uma homenagem ao mais cultuado diretor do Japão: Akira Kurosawa. Claramente inspirado no clássico Os Sete Samurais, o novo longa conta a história de 13 samurais que são convocados para assassinar o cruel Lorde Naritsugu (Goro Inagaki), que está acima da lei por ser irmão do Shogun.
O filme apresenta uma visão tradicional sobre honra e justiça, algo comum no cinema japonês. Também merecem destaques as cenas de violência, que estão presentes em praticamente toda a produção, com destaque para seu terço final.
Com 141 minutos de duração, 13 Assassinos tem como principal mérito o fato de não perder o ritmo. O espectador fica ligado o tempo todo, tanto na fase de preparação quanto na batalha, que sozinha dura mais de 40 minutos, para a empolgação de quem vê.
Um dado interessante da obra é que ela esconde ao máximo seu vilão, o que cria um certo mistério e ainda aumenta o pavor diante do nome Naritsugu. O grupo que tentará assassiná-lo é liderado por Shinzaemon Shimada, vivido brilhantemente por Koji Yakusho (Babel).
Com um belo trabalho de figurino e direção de arte, o longa consegue abrir espaço quase igual para todos os 13 protagonistas, que são favorecidos por receberem personagens diferentes, cada um com um estilo ou peculiaridade. Takayuki Yamada e Yusuke Iseya são outros destaques do elenco.
Além de proporcionar eletrizantes sequências de ação, a produção também possui uma excelente dose de humor, que aparece principalmente através de um andarilho que acaba de juntando ao grupo. Takashi Miike fez mais de 40 filmes em 20 anos de carreira. Algumas vezes essa alta produtividade acabou gerando produções ruins como Ninja Kids!, exibido no Festival do Rio 2011. Felizmente, 13 Assassinos traz aquilo de melhor visto no cinema do diretor.