Levado ao Japão à pedido de um velho conhecido, Wolverine (Hugh Jackman), acaba envolvido em um conflito que o força a confrontar seus próprios demônios.
WOLVERINE: IMORTAL, nova incursão do mutante preferido de todos, ainda não é o filme à altura que o herói merece. O filme me lembrou muito HOMEM DE FERRO 3, não em sua estrutura, mas sim em algumas de suas características. A mais pungente delas, sendo a constatação de que assim como o herói de lata, o herói de garras começa a mostrar sinais de desgaste no cinema.
Sempre achei que o Wolverine funcionava melhor no cinema nos filmes da saga X-MEN. Como herói de um filme só seu, é difícil segurar sozinho quase duas horas de duração. Digo isso porque por mais cativante e carismático que seja seu intérprete, o fantástico Hugh Jackman, não há muito no personagem que encante o público a ponto de segurar a produção sozinho. Foi assim no anterior X-MEN ORIGENS: WOLVERINE, que até começa bem, mas que descamba muito de sua metade em diante, e é também assim aqui, em WOLVERINE: IMORTAL.
Ambientado no Japão, o filme pelo menos não renega os filmes anteriores da saga X-MEN e nem o próprio ORIGENS: WOLVERINE. Mas o ritmo um tanto quanto lento, e o verniz realista demais do filme, destoam da persona imortal do herói, deixando uma indigesta mistura entre a fantasia e o “pé no chão”, que pouco funciona durante a projeção. WOLVERINE: IMORTAL ainda deixa uma sensação incômoda de ser um filme bobo demais para os adultos e sério demais para os mais jovenzinhos, sendo que em alguns momentos, passa longe de ser um filme de super-herói.
Assim como em HOMEM DE FERRO 3, em que Robert Downey Jr. segura o filme sozinho na base do carisma do milionário Tony Stark, aqui Hugh Jackman também leva o filme nas costas, sempre muito à vontade na pele do herói, que já interpretou 6 vezes na telona e cuja sétima aparição será no próximo X-MEN: DIAS DE UM FUTURO ESQUECIDO. Aliás, uma cena pós-créditos finais amarra de maneira primorosa este exemplar solo de Wolverine ao já citado próximo lançamento dos mutantes no cinema, deixando água na boca dos fãs dos X-MEN.
WOLVERINE: IMORTAL é dirigido pelo polivalente James Mangold, que já dirigiu de tudo no cinema, passeando por diversos gêneros e se destacando em filmaços como JOHNNY & JUNE, OS INDOMÁVEIS e COP LAND. Aqui, Mangold também faz um bom trabalho na direção, principalmente na sequência inicial do filme. O diretor também faz bom uso da atmosfera nipônica do filme, e compõe pelo menos mais duas cenas bem bacanas, como o ataque de um grupo de ninjas à Wolverine, e na melhor sequência do filme, que consiste em uma eletrizante luta entre o herói e um grupo de assassinos, em cima de um trem-bala em pleno movimento.
Infelizmente, Mangold não foi capaz de contornar o roteiro sem inspiração e sem energia de Mark Bomback (DURO DE MATAR 4.0, INCONTROLÁVEL) e Scott Frank (MINORITY REPORT: A NOVA LEI), cujas situações colocam Wolverine como um peão em uma trama desnecessariamente complexa demais, e onde o herói passa a impressão de que pouco pode fazer para resolvê-la, em outra situação semelhante à HOMEM DE FERRO 3, em que Tony Stark e sua armadura não consegue nem eliminar os vilões do filme sozinho.
No elenco de apoio pouco conhecido, ninguém exatamente se destaca. As presenças mais famosas de qualquer maneira são as da bela Famke Janssen, que reprisa seu papel como Jean Grey (que interpretou na trilogia X-MEN), que é o grande amor da vida do herói; e também do ótimo ator japonês Hiroyuki Sanada (O ÚLTIMO SAMURAI), tristemente desperdiçado em um papel sem importância nenhuma.
WOLVERINE: IMORTAL, como mencionado acima, não é o filme que o herói merece. Porém, assim como no caso de Robert Downey Jr. e seu HOMEM DE FERRO, será difícil uma nova aventura do herói nos cinemas, sem que o mesmo seja de alguma maneira reinventado. De qualquer maneira, mantenho a minha opinião de que Hugh Jackman e seu herói de garras de adamantium funciona muito melhor nos filmes da saga X-MEN, onde quase sempre, funciona como o furioso elemento surpresa das situações.
Por Eduardo Kacic.