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    Meu Nome Não é Johnny
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Meu Nome Não é Johnny

    Você conhece?

    por Roberto Cunha

    Muitos críticos e cineastas detonaram Cidade de Deus porque diziam que o filme explorava a miséria e a violência. Tropa de Elite chegou e falaram que era um tanto quanto maniqueísta. Meu Nome Não é Johnny é sobre drogas e tem opinião. Mas é interessante notar a ausência do elemento violência no sentido mais literal da palavra porque a trajetória de João Estrella foi trilhada sem sangue. O diferencial citado acima pode significar, inclusive, um represamento para o sucesso já que a massa (não adianta negar) adora ver filmes "ao sugo". Ou seja, com bastante vermelho nas telas. Mas o filme tem bom ritmo e mostra que a violência, contudo, está na banalização do uso das drogas como a cocaína, consumida sem limites pelo protagonista e seu círculo de amizades/clientes em festas com o produto servido de bandeja.

    Assim, é chocante ver a degradação e o desespero dos jovens viciados e sua relação com o "brilho da noite". Para aqueles que gostam de uma citação, o clássico Scarface, protagonizado por Al Pacino, está claro em uma determinada cena que João revela uma verdadeira montanha de pó (cocaína). Com Selton Mello no papel principal e um elenco recheado de nomes conhecidos, o filme não é curto (mais de duas horas), tem uma dose forte de humor e segue a linha de raciocínio do livro que mostra o ponto de vista do traficante que vendia drogas pesadas e em quantidade, mas afirmou não ser traficante.

    Para ilustrar, a história volta no tempo, lá nas pedras do Arpoador (berço do surfe carioca), com os primeiros contatos dele com a maconha. Mais do que mostrar a tese conservadora de que o "cigarrinho do capeta" é a porta de entrada para outros vícios, episódios como esse e outros revelados servem para mostrar que João levava uma vida sem limites. E isso é que era a verdadeira droga. O trabalho de reconstituição foi bem feito com alguns carros, músicas, roupas, penteados, etc. A mancada foi com as gírias. "Tá ligado", por exemplo, é linguagem das ruas de hoje. E também soou estranho o papo com outro traficante na piscina do Copacabana Palace, falando sobre ecstasy e crack. Não seriam drogas mais atuais?

    Inspirado no livro homônimo e em fatos reais (está escrito na tela logo no começo), Mauro Lima fez um bom filme que fala do tráfico de drogas. Sem tiros e, pelo que tudo indica, sem (?!) traficante. Confira você mesmo e tire suas próprias conclusões.

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