O Tigre Branco é um daqueles filmes feitos só uma vez em cada dez anos de tão espetacular e visceral que é, por isso a comparação com "Quem quer ser um milionário" ou o próprio "Parasita" do Bong Joon-Ho. O filme do diretor Iraniano Ramin Bahrani (99 Casas, outro filme impactante da Netflix) é totalmente autoral, com uma câmera sempre em close e enquadrada na visão do protagonista. Balram, vivido pelo fenomenal (Adarsh Gourav) sempre levou uma vida miserável na Índia, vindo de uma casta inferior sempre teve que trabalhar desde criança para poder comer, e foi assim que aprendeu com seu pai a ser um "servo", ou seja, a mentalidade que precisa servir o outro para ser feliz. Dessa forma, Balram depois de grande não deixa passar a oportunidade de se tornar um motorista na capital Delhi, após ouvir uma conversa de contratação de um empresário na sua vila, ele agarra a oportunidade com muito sacrifício, pois precisa convencer a tia de que precisava aprender a dirigir. Já na capital, Balram se torna o motorista de Ashok (Rajkummar Rao), filho do empresário que passou um tempo nos EUA e reconheceu que as "castas" praticadas na Índia eram erradas. Essa empreitada do nosso protagonista que vai levar a uma mudança radical de mentalidade, nos colocando exatamente a questionar o status quo da sociedade, não só indiana, mas mundial. Será que vivemos para servir? Será que nossos empregos sempre favorecem uma classe em detrimento a outra? Patrão é sempre canalha com seu subordinado? Esses e outros questionamentos são abordados no brilhante roteiro de Bahrani, que na verdade foi baseado no livro de mesma autoria do longa, sempre com a narração em off e a quebra da quarta parede. Mas aqui pra gente! O filme é maravilhoso em execução, enquadramento, iluminação e apresenta uma fotografia exuberante, sempre crua e alguns momentos cheia de neon. O Tigre Branco é uma obra ímpar no catálogo da Netflix, uma produção totalmente fora da curva. Um daqueles filmes que merecem serem vistos e discutidos por um bom tempo. Afinal, ele trata de assuntos do momento como ascensão social e empreendedorismo como o próprio protagonista fala: "Pobre só cresce na vida pelo crime ou se tornando político". Digo de antemão que é a melhor produção que assisti já em 2021 e será um dos grandes filmes do ano. Fenomenal!