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O que é loucura? O que é razão? O que é sanidade? O que é amor? O que é comodismo? O que é sentimento? O que é relacionamento?....o que é....São tantas as perguntas nos fazemos durante nossa vida, não é? Muitas ficam sem respostas, podemos ter algumas respostas incompletas, ou simplesmente elas podem mudar.
Silver Lining Playbook, em inglês, ou O Lado Bom da Vida, não tem a petulância de responder todas as questões que norteiam nossas respostas, decisões e consequentemente nossas vida, mas ele pode ajudar a colocar alguns pensamentos novos e, porque não, alguns questionamentos em nossa cabeça.
Vou pular boa parte do filme. Toda aquela introdução de quando Patty - sim, o considero amigo, por isso o diminutivo - saí de Baltimore, chega em casa, o pequeno conflito entre os pais que já é visivelmente abafado pelo vício que De Niro (comentarei sobre De Niro mais para frente) tem pelo seu time de coração.
Pulemos para a traição. Mas que porra é essa? Querem prender um cara porque ele espancou o outro que transava com a SUA MULHER, NA SUA CASA, NO SEU CHUVEIRO, COM A SUA MÚSICA DE CASAMENTO? Quem teria culhões de manter a calma nessa hora? Quem conseguiria manter a calma, descer as escadas, sair pela porta da frente e, não faço ideia, ir até a delegacia mais próxima? Você teria essa calma? Não, eu não teria. Graças a isso Patty descobriu sua doença, se tratou e, sinceramente, foi a coisa mais importante que a "amada" Nikki fez por ele em todo o tempo, que devo ter deixado passar pois não lembro agora, que eles ficaram juntos.
Nikki criticava seu peso, seu jeito, conformou-se com Patty. Corrigindo. Os dois conformaram-se. O amor que teria que ser um belo sentimento, que seria responsável por unir mais o casal se tornou um fardo, uma obsessão. Um karma.
Óbvio que isso não muda o fato de Patty ser bipolar, mas acredito que isso vire um detalhe, quando falamos de uma mulher que traí o marido com a música do casamento. Qual o tamanho desse crime? É possível mensurar isso? Acho que não.
Bom, aí temos o encontro do casal. A loucura de Patty é algo mais aceitável, afinal o cara é bipolar. Mas e a nossa amiga Tiffany que transou com as 11 pessoas do escritório, por causa da depressão pós-morte do marido, que ela trabalhava. Ela é mais, menos loucas? Não apenas diferente.
Um personagem interessante que não tem problemas psicológicos, mas que consegue compreender, e muito bem, a posição de Patty. Seus medos, suas ações. Consegue olhar para ele e enxergar além do bipolar, enxerga que por trás de tudo isso existem sentimentos, dúvidas, medos - sim, muitos medos - de deixar sua vida para trás, quem ele era e se perder num futuro incerto.
Tiffany, talvez por estar muito carente, logo cria sentimentos por Patty por ele ser seu companheiro mais próximo, que não envolvesse sexo casual, nos últimos meses. Patty era mais reticente e levou até o extremo suas dúvidas, até aceitar o que era inevitável, a paixão por Tiffany.
Após o desenvolvimento do sentimento, que foi feito de forma muito original. Das breves corridas juntos até as aulas de danças, que podem ser considerados paralelos de um namoro "comum", os dois vão se aproximando e Patty vai deixando de lado algumas obsessões que ele tinha. Vai se abrindo mais para sua família e amigos. Enquanto Tiffany se mostra uma mulher delicada, cuidadosa, carinhosa e a espera de alguém reconheça suas qualidade mas sem que ela tenha que "escancarar para o mundo".
Depois disso tem o fim do filme, que é muito mais simples e não tão animador, na minha opinião, quando o "meio". Que foi a parte que mais me prendeu e fez refletir sobre alguns pensamentos pessoais.
Sobre o De Niro. Um puta ator? Óbvio. Um marco na história do cinema? Fato. Longe daquelas magníficas atuações? Com certeza. Mas o que eu queria atentar é a falta de qualidade dos filmes atuais para que De Niro possa demonstrar toda sua capacidade e talento. Nesse filme, que é muito bom mas está longe de ser uma obra de arte, ele consegue ser impecável. Complicado achar problemas ou defeitos em sua atuação. Expressões, como sempre memoráveis. Aquela cara de sono dele, enquanto seu filho o acorda as 4h da madrugada para falar de um filme que está lendo, rendeu boas risadas.
Bom é isso. Recomendo esse filme. Vale o ingresso.