Recompensa garantida
por Roberto CunhaRefilmagem de um clássico faroeste do final dos anos 60, que rendeu um Oscar para John Wayne, esta produção dos irmãos Ethan e Joel Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez) chega com força, incensada pelos prêmios já recebidos e 10 indicações ao Oscar.
No começo, uma narradora conta o que aconteceu com seu pai e deixa claro que são tempos onde "se paga pelo que fez de um jeito ou de outro". Após mostrar um enforcamento em praça pública, é hora do espectador conhecer quem é a dona da tal voz, anos antes, na figura da estreante Hailee Steinfeld. Mattie tem 14 anos, seu pai fora assassinado e ela resolve correr atrás de vingança. O primeiro aviso importante, porque pode gerar certa estranheza, é que a personagem em questão é mais marrenta que o eterno baixinho da seleção brasileira. E apesar da pouca idade, consegue dobrar o banqueiro da cidade e, se bobear, dá nó em pingo d'água.
Esclarecida a "licença" criativa, a história começa mesmo com ela tentando - e conseguindo - contratar Cogburn (Jeff Bridges), um agente federal conhecido por ser rápido no gatilho e nem um pouco devagar com a bebida. De quebra, vai contar também com outro agente da lei, o Texas Ranger La Boeuf (Matt Damon), que já estava na cola do bandido foragido (Josh Brolin).
Com um roteiro simples e longe de primar pela criatividade, cumpre-se a missão de explorar a aventura de uma jovem mandona, auxiliada por dois machões dispostos a mostrar a virilidade na alça de mira. E no clima do gênero, com alguns closes no olhar e nas armas, Bravura reserva algumas surpresas possíveis (e mais violentas) somente porque foi feito nos dias de hoje. Entre os destaques, belíssimas sequências registradas no Texas e no Novo México. Ponto também para o humor nos diálogos extremamente debochados, que acertam o alvo em cheio e vão agradar muita gente. A rixa entre os personagens de Bridges e de Damon, "um sem braço e outro sem olho", é deveras engraçada.
Como era de se esperar, o sotaque carregado confere ao longa aquela "poeira" necessária para compor um legítimo filme de caubói. Portanto, sem fazer rodeios, o que te espera na sala escura é uma versão moderna, fiel ao antigo e com a reconhecida trilha de Elmer Bernstein revisitada. Por mais que o lendário Cogburn (numa bonita cena) chegue a conclusão de que está velho, o que você vai ver de verdade é um bom e novo faroeste. E deixando de lado o exagero nas indicações, a recompensa está garantida.