Após uma torturada auditiva, a pré-estréia do super - aguardado Eclipse me deu a sensação de dever de casa bem feito. O filme Crepúsculo não foi um filme desenvolvido para ser blockbuster. Foi uma supresa. IMENSA. A partir de Lua Nova analisamos a evolução da franquia.
No Lua Nova podemos usar o adjetivo "Teatral". A semelhança com romances antigos, e várias referências a Romeo e Julieta, somado ser o mais meloso de todos os romances da autora Stephenie Meyer, transforma num trabalho com cenas de um visuais bem dramático e apela a cenas abertas e sem muita riqueza de detalhes, focando em cena como um quadro geral.
Em Eclipse temos que tirar o chapéu para o quase competente David Slade. Vou explicar o porquê do quase. Ele foi competente pela riqueza de detalhes. Quem leu o livro vai perceber. Há muitos. Já pela cena primeira cena inicial do filme. Predominaram cenas focadas no rosto dos personagens, sendo o oposto do segundo. E nesse ponto, para quem gosta de detalhes, como eu, vai gostar do bom trabalho. Exemplo: segundo filme, os vampiros brilham no sol. No primeiro constatamos isso numa cena breve. No segundo focalizaram bem isso, até exagerando no brilho. E no terceiro acharam o ponto certo. O brilho acontece quando uma simples, breve e rapida brecha de sol transpassa as nuvens. “E” em uma cena o brilho reflete no rosto da personagem Bella. Muito legal. Há cenas abertas e digo sem medo que são belíssimas, dignas de emoldurar.
Há também foco nos outros personagens da trama. Ponto altíssimo para o diretor e roteirista. Vários são aproveitados, mas o destaque vai para 2 vampiros. O vampiro Jasper e a naturalidade de interpretação do ator Jackson Rathbone, que eu já tinha comprovado seu talento em outros filmes não tão conhecidos, como S. Darko e Dread. E principalmente para o vampiro Riley, que não tem muita aparição no livro, mas o diretor deixa várias cenas para ele e permite o talentosíssimo ator Xavier Samuel marcar sua presença no meio de rostos já famosos e colocar sua marca. Esperem muitos papeis dele daqui para frente.
Outro ponto legal. Apesar de rápidas e poucas, temos cenas de ação no filme. Alivio para os namorados que são obrigados a assistir. Poderia trabalhar mais nelas, mas são bem legais. Os efeitos estão espetaculares.
Agora os personagens principais. Vemos a evolução da atuação da dupla. É inegável o trabalho que o ator Robert Pattison faz com o personagem Edward. Caiu como uma luva. E sua interpretação cresceu muito, como também sua capacidade de demonstrar seus sentimentos pela sua expressão facial. “Prestem a atenção nos detalhes fãs”.
Quem merece ser elogiada é a Kristen Stewart. No primeiro não contamos, no Lua Nova parecia uma múmia atuando, e no terceiro finalmente acha o ponto certo. Fora a química inegável da dupla.
O Jacob é um personagem chato. Lamento para quem gosta dele, mas ele é chato. E o ator é muito novo, não dá conta. Seu papel é ficar sem camisa. É o Marcos Pasquim americano. Perdoem fãs, mas é assim que acho. Um detalhe engraçado. No livro o Jacob tem uns 16 ou 17 anos, e o vampiro Edward tem mais de 100. Refletindo a literatura é igual o comportamento dos atores respectivos. O Robert Pattison já tem uma boa bagagem e tem 24 anos, e o Taylor Lautner está começando agora e tem 18 aninhos ainda. Tem capacidade, mas tem que suar muito e provar que não é apenas músculos. Se bem que a cadeira de Sylvester Stallone (ator bombado e pouca interpretação) vai ficar livre.
E ele tem que parar de falar gemendo no filme, pois ele não fala assim nas entrevistas dele. É irritante.
Estou falando muito bem do filme. Hora de justificar o “quase” do diretor. Em primeiro lugar vemos um filme chamado “concha de retalhos”. Imagine pegar vídeos do youtube e junta-los apenas. Pode ter uma lógica, mas é para um filme fluir, e não ficar pulando de cena para cena. A impressão é que assim: hora da cena das paginas 25 à 45, próxima cena da pagina 69 À 89, assim por diante. Há riqueza inegável das cenas, mas a fluidez e dinamicidade das cenas são péssimas.
Em segundo, apesar dos parabéns de mostrar personagens e historias secundarias (e terciárias) a trama central, isso deixou as cenas curtas e rápidas. Numa cena, a personagem Leah praticamente corre nas falas. Não só ela. Vários outros. E personagens que podiam ter mais, praticamente tem 1 ou 2 “frases”. Se for para ter pouco, melhor não ter. Deveria ter focado numa linha, permitindo poucas historias paralelas e manter conexão e ritmo. Nisso ele falhou.
Nessa falha eu poderia detonar legal o filme. Mas não faço isso porque o filme vai agradar e muito os fãs. Os ingressos dos fãs já é lucro garantido para os produtores. O filme não foi feito para agradar critico e ganhar Oscar. Ele cumpre seu papel, eleva o prestigio de todos que participam dele e entretém até quem não é fã. Nessa visão, o filme cumpre os objetivos.