Não teria outro diretor pra transpôr às telas essa história além de Cronenberg. Perfeitamente roteirizado, e a direção, que a princípio causa um certo desconforto (com o uso do "fundo verde"), vai deixando os olhos cada vez mais acostumados, como numa viagem psicodélica.
E o que falar de Cosmópolis, a não ser que ele é uma grande viagem psicodélica? Personagens vem e vão, histórias se entrelaçam, um clima de caos a todo o tempo, tramas envolventes e muito diálogos pouco ou nada explicativos, fazem desse um dos filmes mais "difíceis" do diretor, que é conhecido por já fazer filmes difíceis. Mas se em outros filmes, a dificuldade está em digerir a história que está sendo contada, nesse aqui, o problema para o telespectador está mais na aurea que cobre a história com suas falas e citações completamente surreais, por ora até desconexas. Náo que falte "amarra" a Cosmópolis, mas a "liga" não se dá imediatamente, e sim, ao longo do filme, e a medida que a história se apresenta.
Robert Pattinson, ao meu ver, começa ruim e vai entrando no personagem ao longo da projeção, mas continua inexpressivo. E principalmente, falta, e muito, expressão corporal a esse jovem, seus movimentos chegam a ser ridículos (como quando ele vai tentar bater nos "paparazzi" ou se prepara para adentrar no prédio da sequencia final). Não dá pra negar que esse personagem poderia ser interpretado por um ator melhor.
Com um protagonista fraco, quem brilha é o coadjuvante, sempre, e aqui não é diferente. O que é Paul Giamatti? Demora tanto pra entrar, mas quando entra... dá um show! Melhor interpretação do filme.
Num geral, Cosmópolis não empolga, mas é um exemplar e tanto na carreira de seu diretor, que depois de tanto tempo fazendo filmes apenas "sóbrios", resolve doar-se a uma história completamente "fora-da-caixinha", fazendo alusão às obras que lhe deixaram famoso, mas ainda sim, com um tom bastante sóbrio. Parece que Cronenberg não abandonou suas esquisitices, mas que as evoluiu pra um patamar bastante superior. O que me deixa bastante bastante ansioso para seu próximo filme.
Não consigo deixar de citar minha decepção ao constatar que Juliette Binoche aparece por 5 minutos de filme. Fiquei triste, haha.