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    Imitação da Vida
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    3,7
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    Marcão
    Marcão

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    5,0
    Enviada em 20 de fevereiro de 2016
    Nada parece verdadeiro em "Imitação da Vida". Sarah Jane é negra, embora seja branca; Lora é uma atriz, embora só apareça em fotos publicitárias; Steve é um fotógrafo, embora renuncie com desenvoltura à arte em troca de um bom emprego; o sr. Loomis é um agente, mas mais parece um cáften, oferecendo suas atrizes a produtores de teatro e cinema.
    O que é verdadeiro no filme com que Douglas Sirk encerrou a carreira (em estúdios), então? Annie, talvez. Annie, a negra que é negra, a empregada dedicada e servil.
    Neste filme que chega aos 50 anos em plena juventude, narra-se em princípio a história de duas mães. A branca Lora e a negra Annie cuidam de suas filhas, Susie e Sarah Jane, como princesinhas. Na medida do possível. Existe uma brancura ostensiva em Lora. Ela se comporta como se não houvesse discriminação racial. Impossível saber até que ponto isso é hipocrisia.
    Em dado momento, ela pedirá a Sarah Jane que execute tarefas de criada, embora saiba que ela não é criada. Ela o faz com um tipo de inocência característico dos brancos que, por tratarem os negros em pé de igualdade, como que lhes exigem uma retribuição.
    No mais, ela tenta cobrir a filha de mimos. Quer dar a ela tudo o que não teve. Ora, ocorre que sua carreira de atriz de repente deslancha. Então, Susie irá para os melhores colégios, mas não terá mais a companhia da mãe. Para desenvolver sua carreira, ela tem de renunciar ao amor de Steve.
    É bem verdade que Steve, num primeiro momento namorado todo cheio de dedicação, logo faz a exigência clássica do machismo mais machista: que a mulher abandone a carreira e se deixe cuidar por ele. Importa o seguinte: quanto mais Lora progride em sua carreira, mais a cor branca se mostra predominante nas paredes e na decoração de sua casa.

    Alienação
    Ao lado disso, existe Annie e sua obsessão pela verdade. Obsessão que torna sua presença insuportável para Sarah Jane. A filha sabe em que mundo vive e da necessidade de escapar disso. Ainda não existem os direitos civis. A única maneira é se passar por branca, o que é possível para ela, desde que negue sua origem e seja um travesti do branco a que ela tanto aspira para não ser desprezada.
    Ao contrário da primeira versão do filme (1934), em que a negra se tornava o sustentáculo da casa graças às suas fantásticas panquecas, aqui Douglas Sirk sabiamente a mantém sempre numa posição subalterna, compatível com sua natureza servil. Ela deve ser a única pessoa não deslocada nessa história, o que não significa que não seja, como todos os demais, alienada. Todos pensam que são algo que não são: Lora, Susie, Steve, Sarah Jane.
    A única que sabe quem é, que não passa por deslocamentos, que não vive as mentiras e a corrosão dos desejos é Annie. Não porque seja consciente. Ela é consciente apenas de sua inferioridade (e adaptada a ela).
    Se todos os outros são, de certa forma, alienados, o fato de ser centrada não favorece a empregada. Apenas significa que interiorizou com sucesso a condição de escrava. O tempo torna cada vez mais evidente a dimensão desta obra-prima, que sai num DVD sem extras, mas com formato correto e boas cores.
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