Ator filé dos anos 1970 e 1980, Robert Redford já completa mais de 50 anos de carreira e volta para as telas do cinema em Sem Proteção, longa protagonizado e dirigido por ele, em que divide a cena com um elenco de diferentes gerações de Hollywood, de Susan Sarandon e Nick Nolte a Shia LaBeouf e Anna Kendrick.
Durante a Guerra do Vietnã o assalto ao banco realizado por um grupo de jovens protestantes resultou na morte de um segurança. Foragidos desde então, subitamente Sharon, um dos integrantes do grupo, se rende e causa transtorno para seus antigos amigos e colegas, em especial para o atualmente advogado e pai de família Jim Grant. Quem se aproveita da confusão é o jornalista Ben Shepard, que encontra ali a oportunidade para se provar para seu chefe. A trama se desenvolve, então, a partir de duas investigações diferentes: a de Ben, atrás da verdadeira história sobre o grupo, o assalto e o assassinato, e a de Jim, à procura de uma pessoa de seu passado que pode o ajudar. Os dois atuam como agentes condutores da trama, revelando cena a cena uma nova parte do quebra-cabeça que o espectador é convidado a montar junto aos personagens.
Redford, famoso por seus papeis em clássicos como Todos os Homens do Presidente, Butch Cassidy e Entre Dois Amores, já se mostra experiente também por trás das câmeras ao dirigir seu nono filme. A carreira como ator parece ter o ajudado a construir sua base como diretor, fazendo com que ele se encaixe na turma que inclui Sean Penn e Ben Affleck. Cenas como a do diálogo entre Sharon Solarz e Ben Shepard na prisão, por exemplo, provam seu conhecimento no assunto. Enquanto dados pessoais e fundamentais para o início da investigação são contados, Redford comanda uma câmera firme que se desenvolve em closes laterais, introduzindo o público àquela conversa ao mesmo tempo íntima e reveladora.
Apesar de o roteiro encaixar as pistas da investigação com o resultado final, os personagens sofrem por um desenvolvimento que deixa a desejar. Pessoas essenciais para a evolução da investigação, como a policial Diana, amiga de Ben, e mesmo Sharon, somem repentinamente da história. A mesma falta de conclusão é vista no agente do FBI Cornelius, que se irrita com o fato de o jornalista saber muito mais sobre a investigação do que ele, mas que não tem esse conflito acertado, levando a briga entre os dois a lugar nenhum.
Com seus altos e baixos, Sem Proteção é mais um filme sobre família, memórias e revisitar o passado do que um longa de ação ou suspense. Redford conduz bem a montagem sobre a investigação, mas alguns furos no roteiro podem incomodar os espectadores mais atentos. Vale pelo elenco de peso.