O Grande Gatsby (The Great Gatsby): o novo filme, o antigo, o livro.
Qual a melhor versão?! Entre o livro e os filmes...Eu decidi conhecer três.
O livro de Fitzgerald é considerado um clássico da literatura americana e uma das melhores formas de conhecer a Nova York dos anos 20. Em plena lei seca, um mundo de excessos nos é apresentado: conflito de classe e cor, old money versus new money, Wall Street, Jazz... tudo que estava bombando na época contorna esta história, meio banal, de um amor impossível. Impossível?! Não na mente obsessiva e perfeccionista de Gatsby, que tenta por todos os meios voltar ao passado e recriar sua história com Daisy, uma frívola, confusa e histérica "princesinha" moderna. A história de amor é o que menos importa nessa trama. A fascinação e curiosidade do personagem narrador por Gatsby e seu mundo é, na verdade, o grande atrativo, a grande novidade e o que me fez reler este livro.
E é exatamente por nos mostrar toda a grandiosidade de Gatsby, e nos fazer sentir, como o personagem narrador "within and without", que a nova versão cinematográfica, de Baz Luhrmann, é mil vezes mais interessante que a de 1974, com Robert Redford e até (se ouso dizer), mais fiel ao livro. Se conseguirmos superar a psicodélica primeira meia hora, o mal-estar de assistir em 2D um filme feito em 3D, a versão hip-hop-eletrônica das músicas e ainda perceber que não estamos assistindo a Moulin Rouge 2..., e com boa vontade, persistirmos até o momento em que descobrimos quem é Gatsby, tudo fará sentido!
O filme de 1974, além de ser linear e monótono, não utiliza o narrador como principal personagem e acaba transformando narrativas em diálogos e discussões, que não existem no livro. No início, se fecharmos os olhos, teremos a impressão de ouvir um audiobook. Robert Redford, em uma de suas piores interpretações, parece amarrado, congelado pela simplicidade dos diálogos de Fitzgerald e Mia Farrow exagera na afetação e histeria de Daisy, tornando quase insuportável a tarefa de assistir este filme nos dias de hoje.
O mais interessante dessa experiência comparativa foi notar como um mesmo livro pode suscitar imagens tão diferentes. Imagino que seja por isso que as adaptações cinematográficas de clássicos da literatura sejam tão criticados. Para quem primeiro lê o livro, o filme é quase sempre ruim. Quando achamos o filme muito bom, geralmente é porque não lemos o livro, ou porque o diretor decidiu usar o livro apenas como inspiração. Baz Luhrmann deveria ter feito isso com Gatsby, como fez com Romeo + Juliet (1996). Talvez o filme fosse melhor, mas assim perderíamos a oportunidade de VER os anos 20. É bem provável que as festas, músicas, roupas, jóias, e decoração tenham sido menos extravagantes, que as (re)criadas nesse filme que foi feito para nós, expectadores do século 21 mas, com certeza, não menos maravilhosas, revolucionárias e estupefiantes para quem VIVEU naquela época. E é exatamente neste misto de fascinação, estranhamento e entorpecimento que Baz Luhman nos deixa, com suas tomadas vertiginosas e computadorizadas, seus personagens estereotipados e sua trilha sonora de gosto duvidoso.
..."Anyhow, old sport", ....vale a pena conferir o novo filme no cinema e o antigo online ou em DVD. E para quem tiver mais tempo e curiosidade, ler ou reler Fitzgerald, agora já disponível em formato eletrônico e de graça (em inglês - domínio público), facilmente encontrado na Internet...Ah, como é bom viver no nosso tempo, não?!
Saiba mais
Sobre a trilha sonora, Fitzgerald, Gatsby e as bebidas e o design das unhas na nossa página no facebook.