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    O Congresso Futurista
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    O Congresso Futurista

    Lugar incomum

    por Lucas Salgado

    Quem acompanha Robin Wright na série House of Cards, talvez tenha um pouco de dificuldade de aceitar a fragilidade da atriz em O Congresso Futurista, mas é bom lembrar que o projeto nasceu antes da produção do Netflix estourar. Assim, o cenário na carreira da atriz é o visto no filme. Robin interpreta a si própria, uma atriz de meia idade que frequenta o segundo escalão de Hollywood, tendo prejudicado sua carreira tão promissora após sucessos como A Princesa PrometidaForrest Gump - O Contador de Histórias.

    O longa começa com a atriz tomando uma dura do agente Al (Harvey Keitel), que destaca que ela jogou a carreira fora com péssimas escolhas de filmes e homens (Sean Penn deve ter sentido a alfinetada). Ela vive com os dois filhos, Aaron (Kodi Smit-McPhee) e Sarah (Sami Gayle) em uma área isolada próxima a um aeroporto, onde o menino aproveita para desenvolver sua paixão por pipas. Sem muitas opções na carreira, Robin deve decidir se aceita ou não o último contrato oferecido pelo estúdio.

    Curiosamente, apesar de contar com uma personagem principal que existe no mundo real e citar trabalhos verdadeiros da atriz, o filme cria vários elementos em sua vida que não são corretos, inclusive os filhos. Ela possui sim dois filhos, mas os nomes reais são Hopper e Dylan Penn. 

    O Congresso Futurista pode ser tudo, menos ordinário. É um filme completamente diferente de tudo que costuma chegar aos nossos cinemas. Se na primeira metade, discute as opções de vida de uma atriz, investe em uma clara metalinguagem e questiona sobre o futuro do cinema e do ator em si, na segunda vemos uma mudança brusca com a história avançando em décadas. A mudança é tão radical que o longa passa do live action para animação. E o que impressiona é que tal alteração acontece de forma natural.

    O espectador pode até estranhar um pouco o visual, mas irá aceitar facilmente a razão para o mesmo, o que comprova a força do roteiro de Ari Folman, que também é diretor e produtor da obra. Folman, por sinal, já possui experiência no campo da animação, sendo responsável pelo excelente Valsa com Bashir

    Folman tem um total domínio da narrativa, sendo inventivo e original. Seu longa é particular em todos os sentidos, seja na qualidade da animação, seja no desenvolvimento dos personagens. Danny HustonJon HammPaul Giamatti surgem em papéis complexos e envolventes. Keitel foi outro a mostrar todo seu talento, mesmo sendo visto pouco em cena. Não é à toa que seja um ator querido por nomes como Quentin TarantinoWes Anderson.

    Algumas pessoas podem considerar o longa um pouco (ou muito) louco. E realmente, a sensação é mesmo que em determinado momento o filme toma uma pílula e muda radicalmente. Neste sentido, trata-se de uma experiência não apenas audiovisual, mas também sensorial. É como uma mistura entre Aqui é o Meu LugarO Submarino Amarelo, pode causar certa estranheza, mas sem dúvida é único.

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