“Alien - O Oitavo Passageiro”, de 1979, com certeza é ótimo e revelou um monstro que originaria todo um universo de mistérios que cativa e choca até hoje. Seus ótimos efeitos especiais, a história marcante cheia de reviravoltas e suas cenas clássicas e inesquecíveis fazem desse um belo exemplar da ficção científica. Eis que chega, em 2012, “Prometheus”, prelúdio que soluciona algumas dúvidas, e que ainda acrescenta mais perguntas sobre a origem desse mito de outra galáxia. Muitos podem discordar, mas acho que Ridley Scott superou seu clássico do terror espacial com essa obra muito envolvente, com um ambicioso roteiro e recursos técnicos extraordinários. Veremos porquê.
o Deus que buscava a igualdade entre humanos e imortais, inclusive apresentando o fogo a nós), em busca de respostas. Nisso, conflitos intensos podem surgir.
A construção da tensão no enredo é ótima, mantendo a curiosidade e medo do desconhecido sempre em constante gradação, intercalando cenas de ação com outras mais preocupadas em revelar fatos. Isso gera um ritmo fluente na obra, que não deixa os olhos desgrudarem da tela. A construção dos personagens mais importantes é muito boa, explorando seus desejos, ambições e medos, criando um forte relacionamento entre os membros da equipe da nave (como são 17 passageiros nessa nave, alguns ficaram meio ofuscados, mesmo assim foi bem oscilado, em termos de momentos aos personagens).
As atuações são bem trabalhadas. Noomi Rapace consegue atingir um nível respeitável, comparado a Sigourney Weaver, segurando o filme com força, fragilidade e determinação, tudo bem mediado. Charlize Theron cria um tipo curioso, como a comandante inexpressiva propositalmente (uma hora, perguntam a ela: “Você é um robô?”), mas que se revela em certos momentos. Guy Pearce está irreconhecível! Quem o conhece se pergunta até o clímax “cadê ele?”, até cair a ficha e se surpreender com sua atuação notável, mesmo recheado de maquiagem. Michael Fassbender acaba sendo o destaque, pelo melhor personagem. Seu David, o robô da nave, fã de “Lawrence da Arábia”, torna-se a figura mais complexa da história, sendo o que mais procura por respostas e soluções. Às vezes, ele se assemelha ao “HAL”, de 2001, pelas suas intenções discutíveis. O resto do elenco mantém uma boa qualidade.
A parte técnica é espetacular. O som estremece corpos despreparados, os efeitos visuais são realistas e na medida, o visual da nave e das locações vislumbra e resgata a beleza dos filmes que vão além do nosso planeta, escassos atualmente, e a trilha sonora envolve com sua força. Sem contar nas várias referências ao filme original, seja no uso do ponto de vista das câmeras utilizadas pelos exploradores, certas semelhanças entre personagens das duas versões e em acontecimentos que remetem a características da primeira obra. Outra coisa que permanece são certas atitudes duvidosas de alguns dos personagens, leve defeito em ambos os filmes. O diferencial estaria em certos buracos na história, que no primeiro filme soam estranhas, ainda mais quando são vistas as cenas excluídas, que realmente não eram para serem excluídas. Em “Prometheus”, isso não é tão perceptível.
Sem temer o uso de violência e nojeiras, “Prometheus” foi feito para quem curte seus antecessores, sendo o melhor blockbuster do ano até agora (Batman arrumando cada vez mais responsabilidades). A fidelidade com a mitologia “Alien” faz com que seja difícil que um amante da série de filmes não ache esse pelo menos bom. Tenso, filosófico, emocionante e chocante. Vale a pena conferir!