Inspirado num lenda japonesa, 47 Ronin conta a história de Kai, um mestiço filho de um ocidental com uma japonesa, que se une á Oishi e outros samurais sem líder, que foram banidos de sua província após o suicídio de seu líder, numa viagem cujo objetivo final é vingar a morte dele.
Seria uma injúria se eu dissesse que este é um bom filme, pois bom não se encaixa na produção, já que ela está num patamar mais além. 47 Ronin é a estréia de Carl Rinsch na direção, com Keanu Reeves e um excelente elenco oriental. E aí está a única falha que vou apontar: O idioma. O filme poderia ter sido em japonês, já que seria muito mais compatível com o período histórico (século 18, Japão feudal).
Quando se envolve uma princesa, um reino em perigo, um vilão declarado, um herói disposto a tudo e um mundo fantástico, temos - ao menos - uma base para uma boa história. Entretanto, como eu disse: é uma injúria dizer que 47 Ronin é apenas bom. O longa foi tão bem produzido que com poucos diálogos, um narrador e um trabalho magnífico de atuação do elenco coadjuvante, nos envolve completamente com a história contada.
O filme tem uma fotografia incrível, colorida, contrastante; ainda, deixa bem claro ao espectador que existe uma divisão entre o bem e o mal, representados através de cores claras e escuras, de ambientes e cenários amplos, vistosos, e outros mais sombrios e pesados. E conforme o espectador é envolvido nessa trama, a trilha sonora nos conduz brilhantemente, dando o toque que a produção tanto precisa.
Sem dúvida alguma, o elenco é que merece toda a glória. O filme em si tem pouquíssimos diálogos, sem contar com a narração, mas ainda sim, não foi preciso um monte de cenas cheias de falatórios para que toda a mensagem pudesse ser passada com louvor ao espectador. Este é um filme de sentimentos, em que eles são transmitidos - muito! - através do olhar e de gestos que, em nossa vaga concepção, podem parecer rígidos e, muitas vezes, tolos.
47 Ronin é mal interpretado. E na maioria das vezes, é considerado ruim por não ter sido compreendido completamente, principalmente tratando-se do seu final. Mas é por ele mesmo, que analisando como um todo, entendemos que através de determinadas ações, é que aquele povo mostra o seu valor e a sua coragem. Por fim, é mesclando, de forma brilhante, a realidade e a fantasia, que Carl Rinsch conta a lenda dos samurais; e é deixando uma linda mensagem de amor, tanto de um homem para com uma mulher, quanto de um povo para com seu líder; e é através de uma produção absolutamente adorável, cativante e incrível, que mergulhamos de volta ao passado de um povo que, atualmente, julgamos apenas pelo que nossos olhos podem ver e não pelas mensagens que seus atos transmitem.