Admito ter certa tendência a curtir filmes de zumbis, não pela inovação, o que realmente nunca ocorre, mas justamente pelo oposto, na esperança de modificações, sequências bem planejadas, conclusões surpreendentes, explicações plausíveis; características escassas em tal linha de filmes. No entanto, esta espera terminou e peculiaridades raríssimas, como as citadas, foram finalmente relatadas em Guerra Mundial Z.
Para o melhor entendimento de tais minúcias, faz-se necessário um ligeiro esclarecimento do paulatino caminho seguido pelos mortos-vivos nas telinhas. Desta forma, é de ciência cultural mundial que estas criaturas, desprovidas de inteligência, geralmente atacam por instinto, onde sua fome de carne humana é insaciável, de cujo jeito mais simples para mata-las, seria atirando em suas cabeças ou cortando-as fora. Normalmente, a dispersão da “epidemia” não tem início perfeitamente explanado, as vezes elucidado por algum descuido de um vírus criado em laboratório ou simplesmente, não tem como calcular seu começo, muito menos como se expandiu, e sim que a maioria da população já se encontrava contaminada. E por fim, frequentemente deparamo-nos com histórias sem fins aceitáveis, uma vez que sua cura não é obtida ou ocasionalmente, a descobrem, mas restringem-na a um número ínfimo de pessoas.
Pois bem, após expostos os fatos, porque Guerra Mundial Z se diferencia?
Inicialmente somos pegos de surpresa por cenas fortíssimas de ataques de zumbis, onde suspense e tensão pairam do princípio ao fim. Brad Pitt, não se encontrando na melhor de suas atuações, porém melhor ainda que muitos, protagoniza um pai de família e ex-agente do governo, onde seus dias de glória com atividades de risco foram deixados para traz, deste modo, se voltando apenas para seus entes mais próximos, de cuja segurança vem em primeiro lugar.
Imediatamente o governo solicita, novamente, seus atributos técnicos em busca da cura, somando ainda o fato de assegurar assistência a sua família em local fortemente defendido. Com isso, Brad viaja o mundo na caça de tal “remédio”, onde encontrará dificuldades impossivelmente transponíveis, colocando-nos em modo de aflição e agonia a trama inteira.
Outro diferencial são os próprios zumbis, pois com atitudes incrivelmente “animalescas”, coletividades descomunais, agressividades imensuráveis e exorbitantes disparidades, tanto pela hostilidade, quanto pela quantidade, fazem-nos crer em uma improvável reviravolta benévola.
Todavia, como nem tudo são flores, Guerra Z peca em focar total esperança em apenas uma pessoa, uma vez que a humanidade toda se encontra na mesma situação. De certa maneira, até divinizando o protagonista, o qual passa por circunstâncias, simplesmente, irreais, de sobrevivência totalmente impraticável, forçando um pouco a barra para sua aceitação. Outro “clichêzinho” é a impecável intervenção americana, como se eles fossem a única nação do Planeta a ter condições e desejo pela cura mundial.
Ao propiciar um desfecho perfeitamente admissível e revolucionário neste cenário “apocalíptico”, somando-se a um enredo empolgante e tenso, Guerra Mundial Z, mesmo com detalhes difíceis de engolir, inteira um excelente filme do gênero, incluindo inovações muito bem recepcionadas, onde a esperança por franquias continuadas, será a última a morrer. Nota 4,0.