Contágio relativo
por Roberto CunhaUma misteriosa doença se alastra pelo planeta, contaminando pessoas com uma velocidade impressionante, transformando-as em zumbis e aí, um paizão de família é convocado em igual rapidez pelo Governo americano (sempre eles) para salvar a humanidade. Se você começou a ler um texto sobre este título e chegou até aqui, já deve ter uma certa pré-disposição para curtir filmes sem a menor pretensão de mudar a sua vida e sim divertir. Dentro desse contexto, Guerra Mundial Z cumpre sua missão, apresentando quase duas horas de ação e suspense, protagonizadas pelo astro Brad Pitt.
O cartão de visitas é a primeira sequência. Mostrada parcialmente no trailer, agora, a sua continuação (e grandiosidade), perdão pelo trocadilho, é ainda mais contagiante. Ali, o espectador tem o primeiro contato com a tal doença, assim como o protagonista, um experiente ex-investigador da ONU, que tinha optado por curtir mais a família, mas como se vê, o dever chama. Inspirado no livro homônimo de Max Brooks, o filme de Marc Forster não perde tempo tentando explicar muita coisa. Assim como a contaminação que acontece em 12 segundos, o roteiro sai jogando informações das mais variadas vertentes, como questões ambientais, passando por teorias conspiratórias envolvendo Jerusalém, por exemplo, até a culpabilidade das companhias aéreas pelo contágio em massa. Para deixar ainda mais redondo do ponto de vista comercial, carrega bastante no amor familiar e dá uma flertada com o mundo dos jogos eletrônicos.
Para a turma que esperava ver uma fiel adaptação da obra que o originou (porque ainda existe gente que cobra isso?) vai ser desanimador e os que esperavam ver sangue jorrando no melhor estilo gore de George Romero (A Noite dos Mortos-Vivos) podem tirar o cavalinho da chuva. Os estúdios não iriam investir 200 milhões de doletas para atender, desculpem-me, uma pequena horda de zumbi maníacos. A ideia, sim, era aproveitar o fascínio que essas criaturas exercem sobre as pessoas e "holiúdizar". E ficou ruim? Não mesmo. Em quase duas horas de filme, você vai ver excelentes cenas de ação, com efeitos especiais incríveis (vale o 3D), algumas pitadas de humor (mais concentradas no final) e boas doses de suspense. Esse, por sinal, é um dos pontos legais da produção, que consegue, mesmo tendo um sem número de licenças e clichês, envolver você na atmosfera do personagem.
Pô! Então não tem zumbi, não tem sangue...? Tem, muito mais sugerido até do que mostrado. Sejamos realistas. Para conquistar plateias e cobrir altíssimos investimentos, a censura tem que ser baixa e aí, para bom entendedor, uma classificação basta: PG:13, não recomendado pra a molecada abaixo dos 13 anos. Diretores e produtores consagrados sabem disso e é o que faz a diferença na hora da rentabilidade. Para os que curtem trilha sonora, tanto a original composta por Marco Beltrami, quanto outras do banda britânica Muse, são altamente climáticas. Portanto, deixe o preconceito de lado e mergulhe de cabeça (sem medo de perder o cérebro) nessa verdadeira corrida contra o tempo, com portas - visivelmente - abertas para uma sequência. Agora, vai depender de pessoas como você se deixarem contaminar ou não.