Atividade Paranormal e sua análise
ocultista
De início parecia algo amador, mas com o
tempo percebi que era essa a intenção. Talvez para
dar mais realismo e contrastar o silêncio e
fenômenos sonoros, para assim assustar as pessoas
mais sugestionáveis. Dessa forma um filme de
pouco investimento na produção se transforma em
um sucesso. Mas Atividade Paranormal e sua
continuação, que tem mais noções sobre espíritos,
fazem as pessoas pensarem em um modo medieval,
frente a nossa atual sociedade moderna, com sua
ciência que diz saber tudo e soluções para a
felicidade em consumismo e farmácia. No mais o
filme parece um Big Brother sem as cenas de
possíveis atos libidinosos ou festas com bebedeiras e
provas de resistência. Aqui imaginamos fantasmas e
coisas se mexem sem motivo aparente. A sugestão
faz o filme e com a aparência de realidade, vemos
pelo menos algo criativo, frente a um cinema
enlatado e de mesmice.
Um parapsicólogo ao ver os fenômenos
lembraria dos vários que já ocorreram na história,
cujo termo é poltergeist. Casas onde móveis se
mexem, lâmpadas queimam sem motivo, muito
mofo, sombras, batidas, barulhos inexplicáveis,
vultos, e mais muitos outros fenômenos, tudo isso já
aconteceu em grande escala, e por isso talvez quem
assista o filme tenha uma compreensão. Mas o
exagero acontece e a desculpa do demônio (ou
demônios) pareceu a tônica do filme, mas uma vez
nos levando a visão medieval das coisas. Pessoas
morrem no final e não se dá solução nem explicação
a nada, em uma ignorância sobre a parapsicologia e
mesmo sobre o espiritismo, este último colocando
todos os demônios como nada mais que
desencarnados, pessoas que perturbadas continuam
a entristecidas incomodar os vivos. Quanto a
parapsicologia, o fenômeno é de telergia ou
psicocinesia, o pode da mente movendo objetos e
isso de forma inconsciente, sem nenhum além, alma
penada ou demônio. Um desequilíbrio emocional,
alguém na puberdade e certo ambiente colaboram
com o fenômeno, geralmente acontecendo em
emoções muito fortes e uma luta extrema por
sobrevivência. Mas na realidade o fenômeno existe,
mas não há o teatro dos vampiros do final dos filmes
Atividade Paranormal, nem os exageros da
possessão.
Eu sendo um ocultista, talvez pelo menos
aproveite relacionar os fenômenos e criticar as
classificações. Primeiro que todos temos um espírito
que nos protege, ou uma energia, e isso é nosso
Sagrado Anjo Guardião, que não permitiria
tamanhas influências de entidades negativas.
Segundo que pelo que vi no filme, estava claro ser
um elemental de fogo, salamandra, pelo domínio
desse elemento, primeiro no jogo ouija e segundo
no fogão a gás, com tochas parecendo ter vida
própria. Sobre ser um demônio, parece que não,
uma vez que a relação com esses “deuses primitivos”
está longe de nossa realidade, e poucos mexem com
essas entidades, especialistas em goécia, e só. O
demônio (daemon) não tem muita interação com
pessoas simples, parecendo mais um anjo ao
contrário (muitos deles conservam ainda o título de
querubim, trono etc..) e demônios gostam de
aparecer sobre forma animal, o que não aconteceu
no filme. E julgar anjos de bons e demônios de maus
foi obra de teólogos, e a coisa é mais complexa,
supera esse moralismo maniqueísta. Mas acertaram
em colocar a criança e o cão no segundo filme, uma
vez que estes têm mesmo maior contato com o
astral, o mundo espiritual, e isso é pela experiência
um fato, pelo menos para a criança que lembra
desses fatos.
Sobre a possessão, essa já ocorreu de forma
semelhante, e muitas histéricas já o manifestaram,
bem como pessoas que estavam internadas em
manicômios. Para mim, grande parte desses
fenômenos não se devia a espíritos exteriores, mas
mais a uma personalidade da pessoa mesma, porém
de outra vida (e outro sexo) que queria se vingar,
atacar etc. O primeiro Atividade Paranormal tem
uma relação entre o casal, e o segundo entre o casal
e sua família. Um livro de Eliezer C. Mendes relata
um estudo sobre essas personalidades subliminares
e sua influência em casais e relações amorosas, bem
como ataques. Seria no caso do primeiro filme um
homem que em vida passada foi marido da
protagonista e agora queria impedir o atual na
“traição” dela, e isso acontece no plano espiritual.
No segundo filme o evento ocorreu por fim com a
adolescente, e confirmaria a teoria parapsicológica
da maior incidência de fenômenos com essa linha
etária, no caso poltergeist. Estranho que o filme não
mostra nenhum vulto ou ectoplasma, o que na
realidade ocorre quando há esses casos, e filmes
existem na internet com tais eventos. Cena
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interessante é a criança levitando, e no mais um
pouco de monotonia no filme. O estranho é que essa
personalidade subliminar, um outro eu, de outra
vida, queira se vingar e interfira na presente vida
com crença de estar noutra vida, onde fatos eram
outros, e com um poder paranormal. Vivos e mortos
em interação, ou vidas que se somam, não se
apagam nunca.
Fato é que o perturbador é a falta de fé e
técnica de defesa astral em ambos os filmes, e total
desconhecimento das coisas. Poderia se chamar por
exemplo sacerdotes de candomblé ou umbanda e a
limpeza da casa seria feita e seu espírito maligno
(quiumba), ou o da mulher, seria doutrinado para
ter consciência do seu mal e libertar/libertar-se,
com cantos e ervas sobre a casa ou pessoa. Ou um
mago hermetista poderia dissolver a entidade astral
com alguma técnica (Eliphas Lévi falou em livro
sobre o fazer com uma espada..), e isso dentro de
um sigilo, ou transportado para um cristal, ou ainda
absorvido pelo mago mesmo. Mas muita técnica é
exigida a esses exorcismos ( e um padre não mais
saberia fazer...), tendo ainda os exorcistas de serem
pessoas de elevada moral, purificados, com defesas,
armas mágicas, paramentos outros, usar de círculo
mágico, espada, punhal (ou tridente) e assim por
diante. Não é tarefa fácil se livrar de certos espíritos.
E nem brincadeira, e nem aqueles do filme teriam
chance. Uma busca da fé já poderia dar o escudo,
caridade, transformação. Pois a influência de
espíritos é permitida por algum motivo pelas leis
cósmicas. Se esse motivo desaparece, não há o
porquê de continuar a possessão ou ataques astrais.
Fato é que o filme faz refletir e a maioria das
pessoas continua com o medo como única forma de
lidar com os fenômenos, enquanto cientistas
parapsicólogos, espíritas e ocultistas já o trataram
em larga escala, há muito tempo e trocando o medo
pela razão, pelo conhecimento e saber. Mariano Soltys, autor do livro Filmes e Filosofia