Quem realmente somos? Uma pergunta que aparece de vez em quando, despercebida (ou não) em sua mente, seja de tempos em tempos ou diariamente. E quando se trata deste questionamento, a resposta não é a mais fácil, aquela que todos sabem responder, não é o seu "você" social de todos os dias e sim sobre aquele ser que seus olhos enxergam, através do espelho, a sua alma e nela, sua felicidade plena! Seja aquele futebol que você ama de paixão mas nunca se atreveu a jogar por achar que não serve para isso, ou aquele amor que aprecias discretamente e loucamente sem se pronunciar com medo da rejeição, ou até mesmo a vontade de ser alguém livre, liberto de seu casulo há tempos criado pela sociedade. O diretor Tom Hooper (famoso pelo O DISCURSO DO REI de 2010 e OS MISERÁVEIS de 2012), juntamente com a roteirista Lucinda Coxon, resolvem nos presentear com esta belíssima obra cinematográfica, adaptada de um livro de David Ebershoff, que trata sobre descobertas, preconceitos, incertezas, sentimentos, determinação, compreensão. Assistimos partes da trajetória do primeiro transexual e já aviso aos "machos" de plantão: homem de verdade é aquele que sabe respeitar e até aprender com a diversidade, racismo é de algo ignorante, estúpido e atrasado, com medo de algo que desconhece (o famoso "bundão"). Que trama! E que drama..... Peculiarmente ousado em suas cenas, acho eu que Hooper não nos traz todo o conteúdo presente na literatura de Ebershoff (que eu não li), apenas o que achou relevante e isso explicaria alguns pequenos pulos temporais na história sendo que acontecera algo que, com certeza, teria alguma consequência. E que Fotografia tem, parecendo certas tomadas, pinturas como aquelas que o protagonista pinta e o torna conhecido. O lado bonito está em como o personagem tem coragem de seguir sua escolha e se transformar em seu "eu" no mais puro significado de ser autêntico. Já o lado dramático é em como é difícil assumir algo "fora dos padrões" naquela época (na década de 20, se bem que, até hoje é.....) e a angústia de uma mulher em perder o homem que ama, mas por tal carinho, o apoia até o fim, mesmo que seu coração esteja em prantos, até porque, em seu real conteúdo, amar é deixar ir, mesmo com aquele sentimento de dor, isso é o amor! E entenda, aqui temos uma pessoa que acredita ser uma mulher que nasceu em corpo de homem (com vontades de até ser mãe, por exemplo), o que difere de ser homossexual. Só achei uma situação meio conveniente no que diz a respeito do sucesso da esposa do protagonista (ou o diferente começou a ser apreciado, não sei). E que fantásticas as atuações de Eddie Redmayne (conhecido por mim em OS MISERÁVEIS de 2012, mas pelo mundo com a estatueta do Oscar de melhor ator pela performance em A TEORIA DE TUDO de 2014) e Alicia Vikander (conhecida por EX_MACHINA: INSTINTO ARTIFICIAL de 2015 e O AGENTE DA U.N.C.L.E. de 2015, caramba, essa moça trabalhou neste ano.....), que formam um casal que se ama de uma maneira que transcende seu conceito. Perfeitos em cada diálogo, caras e bocas. Ele, mais uma vez sendo espetacular (e nem é o Homem-Aranha) na personificação e sem medo de ser medido pelas mais taradinhas de Hollywood em mostrar seus dotes. Ela, além de sua beleza facial e corporal (.....voz do Candy Crush dizendo DELICIOUS.....), mostra o porquê ganhou o Oscar de Atriz Coadjuvante pela grande interpretação que faz. Mas seria mesmo ela a adjunta neste enredo? Tenho minhas dúvidas. Só sei que, se quiseres mexer "neste armário" para descobrir coisas, cuidado, você pode se surpreender com o que (ou quem) sair de lá...