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    Um Novo Despertar
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Um Novo Despertar

    LEMBRAR DA VIDA E ESQUECER A MORTE

    por Roberto Cunha

    Você acredita que apertar o botão off da vida é o melhor caminho para acabar com o sofrimento da depressão? Walter Black (Mel Gibson) chegou a pensar assim até o dia em que “encontrou” um fantoche-castor (o beaver do  título original) e suas perspectivas mudaram completamente. Como? Aí é que está o grande barato do filme e, ao mesmo tempo, um problema para aqueles que podem não engolir muito bem o aspecto lúdico da história.

    Deprimido ao extremo, distante da família e isolado do mundo, o personagem passa a enxergar  e pensar com os olhos e o cérebro do brinquedo felpudo presente em sua mão esquerda. Como se tivesse sido possuído pela boneco, toda a negatividade some e aquele personagem outrora morto por dentro ganha uma sobrevida, falando através do castor, com voz e sotaque diferentes. Daí em diante serão sequências incríveis (nos dois sentidos) de Gibson com duplo papel, envolvendo você nesta fábula moderna.

    É claro que não faltarão 'licenças" para sustentar o devaneio do protagonista e da história em si. Portanto, não adianta ficar questionando a possibilidade de se fazer isso ou aquilo com o fantoche na canhota o tempo todo. Deixe-se levar por uma história de amor, desespero e, por que não, superação. O roteiro é simples e não fugiu da fómula de usar silêncios, olhares, uma trilha pegajosa e as tradicionais cenas amorosas, mas o mérito, sem dúvida, foi não cair na vala dos manuais de auto-ajuda e buscar soluções fantásticas. De fantasia, aliás, basta o estranho personagem.

    Falar da química em cena de Gibson e Foster parece chover no molhado, mas ainda impressiona ver a capacidade de ambos de emocionar apenas com o olhar. Os mais atentos podem encontrar pequenas falhas na dupla interpretação dele, mas nada que comprometa o resultado final. Destaque também para o jovem Anton Yelchin (Star Trek) que convence como filho revoltado e para o pequeno e competente Riley Thomas Stewart, egresso da televisão.

    Terceira produção dirigida por Jodie Foster (Mentes que Brilham), o filme toca fundo em algumas questões pessoais, apresenta diálogos fortes e cenas quase chocantes, na bizarrice e na dor. Aos que encontrarem semelhança com a bola Wilson (Náufrago), fora o desespero dos protagonistas, ela para por aí. Até porque Walter descobre na pretensa nova vida que adquiriu, um conflito de identidade que o levará às últimas consequências. Essa é a intrigante, divertida e insana história de um homem que precisa lembrar da vida e esquecer a morte.

    Em tempo: prejudicado pelo escândalo de violência doméstica envolvendo o ator, o filme foi “travado” para afastar o fantasma da polêmica e chega com atraso nos cinemas. Mesmo que a tática não dê certo, fica a esperança de que o título nacional represente alguma coisa para o astro de tantos sucessos e o ajude na vida real.

    Assista o trailer, veja imagens e curiosidades em Um Novo Despertar.

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