Belo Visual para uma Aventura Banal
por Francisco Russo“As almas de todos os homens são imortais, mas as almas dos justos são imortais e divinas”. É com esta frase majestosa de Sócrates que começa Imortais, aventura que de imediato remete a dois filmes recentes vindos de Hollywood: Fúria de Titãs e 300. O primeiro pela semelhança do tema, reunindo humanos e deuses do Olimpo em plena Terra; o segundo por questões estéticas. Pode-se dizer que, sem 300, Imortais seria um filme bem diferente.
O longa-metragem dirigido por Zack Snyder, sucesso mundial, estabeleceu um novo parâmetro para filmes de guerra. Estiloso, valorizando os músculos dos soldados, com cenas em ritmo mais lento e ultraviolento, no melhor estilo sangue espirrando na tela. Pode-se dizer que Imortais seja uma espécie de “300 em 3D”. Não pelo tema nem pelos personagens, bem diferentes, mas pela essência da história e no formato. Há várias semelhanças visuais entre os filmes, desde a fotografia à direção de arte, passando pelo figurino estilizado dos personagens. Neste ponto Imortais tem um trunfo a seu favor: Tarsem Singh.
O diretor, com vasta carreira publicitária, já tinha dado seu cartão de visitas em A Cela (2000). No suspense estrelado por Jennifer Lopez o destaque maior era para o cenário, estranho e exótico. Imortais, seu terceiro filme, mantém o padrão e aposta firme no visual. O exército liderado por Hyperion traz figurinos que ressaltam a bestialidade de seu líder, sem que uma única palavra seja dita. A mensagem é transmitida visualmente, como bem gosta Singh, em detrimento de um roteiro mais aprofundado. O que faz com que seus filmes, se visualmente interessantes, não consigam cativar tanto pela história.
Em relação à trama, ela explora bem a frase de Sócrates. O justo é Theseus (Henry Cavill), jovem que vê a mãe ser morta pelo exército de Hyperion (Mickey Rourke) e, aprisionado, recebe a ajuda de uma vidente (Freida Pinto). Seus ideais servem de norte aos seguidores, gerando um contraponto à barbárie do vilão – ressaltada na dolorosa cena em que um desertor é marcado. Todos personagens estereotipados, o tradicional bem contra o mal em meio a lutas sangrentas, bem feitas mas com um inevitável ar de mais do mesmo.
Imortais é um filme interessante pelas soluções visuais encontradas por Tarsem Singh, apesar de ser uma aventura banal. A beleza e o exótico andam lado a lado, em cenas como o belo vilarejo encravado na montanha e o duelo com o minotauro. Destaque também para o bom uso do 3D, em situações que valorizam a profundidade nas batalhas.