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    O Irlandês
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    4,3
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    108 Críticas do usuário

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    Gerson R.
    Gerson R.

    78 seguidores 101 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 10 de dezembro de 2019
    Qualquer momento isolado de O Irlandês entraria fácil para uma lista de grandes momentos do cinema deste ano. Não é nenhum exagero pensar nisso, posso dizer tranquilamente. O que poderia ser um exercício cansativo e expositivo pelas suas 3 horas e 29 minutos de duração torna-se na mão de Scorsese uma sucessão cada vez mais envolvente e sufocante de uma história que muitos não conhecem ou sabem superficialmente atualmente – me encontro nesta última classificação – e, nem por isso, em nenhum momento, fiquei me sentindo perdido ou confundindo seus inúmeros personagens que entram e saem de tela – além dessa e de muitas outras coerências narrativas, o cinema do mestre Scorsese consegue tornam está trama em algo absolutamente encantador, sem soar confuso em nenhum (absolutamente nenhum) momento.

    É possível dizer que O Irlandês é a mistura de quase tudo que Martin fez no cinema – aqui você notará a critica social revoltosa de Taxi Driver, o humor absurdo de O Rei da Comédia, a violência de Cassino e o clima de intriga mafiosa de Os Bons Companheiros – alias, esse último sempre deixou o diretor com fama de ser “especialista em filmes de mafiosos” – o que é quase um insulto, afinal, ele é um cineasta tão criativo que, realmente, uma definição dessa não passaria de uma mera e injusta limitação. Seu novo trabalho é uma soma de outros elementos de filmes passados, mas, revelando nuances e detalhes que, sem dúvida alguma, surpreenderiam qualquer fã do diretor – e, evidentemente, qualquer cinéfilo.

    Produzido pela Netflix, O Irlandês é um drama histórico. É claro que não é o primeiro filme a lidar com a história do polêmico Jimmy Hoffa – Danny De Vito dirigiu em 1992 seu Hoffa, estrelado por Jack Nicholson – mas, agora, Scorsese tem outro foco – Se passando do fim da década de 50 até meados dos anos 80 e 90, a história é contada pelo ponto de vista de Frank Sheeran (De Niro), o irlandês do titulo, contando sua trajetória de motorista de caminhão de frigoríficos e de assassino de aluguel para máfia, em especial para o mafioso Russell (Pesci), até virar principal companheiro de Jimmy Hoffa (Pacino), o famoso sindicalista e, também, se tornar um líder sindical influente – em meio a isso, deixando deteriorada, sem ele mesmo notar, a vida de suas filhas, em especial a pequena Peggy (vivida na fase infantil por Lucy Gallina e na adulta por Anna Paquin).


    A ironia e deboche de Scorsese para lidar com algumas “tiradas” é algo que funciona inacreditavelmente bem – o espectador se pega rindo logo de cara ao entender o porque de chamarem Frank de “pintor de casas” – alias, o senso de humor nos diálogos do preciso e perfeito roteiro de Steve Zaillian é algo único para o filme – seja por brincar com estereótipos de filmes de mafiosos (“todos se chamam Tony” é genial) ou por trazer uma naturalidade inacreditável em inúmeros momentos – e, acredite, cada cena, dialogo ou passagem tem um motivo para estar ali, seja para você se situar no que acontece na trama ou para entender o que se passa com os personagens – o simples fato de dois atores ficarem se questionando quanto a um peixe ter sido levado em um carro ou a demora em preparar uma salada tem seus significados e funções.

    Isso se estende para um elenco realmente estelar: com coadjuvantes perfeitos como Harvey Keitel e Stephen Graham como o nervoso Tony Pro, o filme tem a volta da parceria de Joe Pesci com o diretor, fazendo o ator tornar seu Russell uma criatura abominável mas absurdamente simpática ao mesmo tempo – creio que Pesci seja um especialista nisso – dando uma multifacetada que condiz com a ambiguidade moral dos bastidores tenebrosos da máfia, envolvidos aos escândalos políticos da época; já Al Pacino compõe com sua conhecida entrega seu Jimmy Hoffa, um homem destemido e determinado, que, junto de sua construção no roteiro, reflete perfeitamente os interesses e temperamento deste – obviamente, é proposital como a vontade em ajudar os trabalhadores vai desaparecendo e o seu orgulho se sobressai, se importando apenas com a liderança do sindicato do que com o real bem estar dos caminhoneiros – o retrato que o filme faz disso é tão preciso que tem-se a impressão de que a trama se passa nos dias de hoje, tamanha a agilidade em apresentar fatos históricos em momentos oportunos para a narrativa – como a tentativa de invasão a Cuba e o assassinato de Kennedy, por exemplo. Além disso, torna-se autentica a suposta relação de amizade entre Russell, Hoffa e Frank – o que deixa o fim trágico ainda mais amargo – mas, como disse antes, O Irlandês não é somente sobre Jimmy Hoffa.

    Nesse sentido, a atuação de Robert De Niro é realmente um espetáculo a parte – e como fico feliz em saber que o veterano parceiro de Scorsese em Taxi Driver, Touro Indomável e outras pérolas está envolvido em dois grandes filmes este ano (em Coringa e aqui) – contando com efeitos digitais e de maquiagem bastante convincentes para parecer mais jovem inicialmente (assim como o personagem de Pesci), seu Frank Sheeran é, desde já, uma de suas melhores composições – o olhar torto e frio dele é algo que dita muito de seu comportamento – ele demora a demonstrar sentimentos, possui um senso de moralidade rígido – que, literalmente, leva até o fim, digamos assim. Uma atuação realmente difícil – afinal, se o personagem é alguém “fechado” fica mais difícil ainda entende-lo – tornando sua narração em off realmente necessária – e está forma de entender o personagem é algo que mais uma vez precisamos aplaudir Scorsese – talvez seja a grande chave do filme – a Peggy de Anna Paquin.

    A atriz comprova seu talento em um papel pequeno (ao menos em tempo de tela), mas que preenche perfeitamente o significado de vida de Sheeran – Peggy é a única pessoa que realmente enxerga o pai completamente – e por ser uma pessoa fechada também – mas, ao contrário do pai, que mesmo sem expressar o que sente, é quase um falastrão – a moça é instrospectiva, desde sua infância (bem vivida pela jovem Lucy Gallina) até sua vida adulta – ela é o único elo de ligação (talvez) com a humanidade dentro de Frank – o que faz com que o personagem de De Niro não seja encarado por nós como um monstro – a importância da atuação de Anna é enorme, porque além de ajudar a demonstrar outras facetas de seu pai, ela ainda serve para mostrar como a falta de comunicação e afeição com Frank tornou sua vida mais infeliz e sombria, também por saber que seu pai é um criminoso – isso é suficiente para que você se pegue emocionado em dois momentos específicos, que eu colocaria como duas cenas que figurariam fácil entre as melhores da filmografia do diretor: quando ela questiona o motivo de Sheeran estar ligando para um determinado personagem e sua ultima aparição no longa – momento realmente de cortar o coração, tanto por ela quanto pelo personagem de De Niro.

    Enfim, essa ambiguidade moral e de sentimentos torna O Irlandês um filme obrigatório, que além de sua perfeição técnica e artística – a fotografia de Rodrigo Prieto realmente sabe a hora de diminuir e aumentar os tons de cores, além dos enquadramentos precisos e muitas vezes dando uma sensação de claustrofobia – sem falar que a passagem de tempo é bastante natural e suave, graças ao trabalho da editora parceira de Scorsese, Thelma Schoonmaker.

    Um trabalho que, mesmo contando uma história de época, tem um amargo gosto de atualidade, principalmente quando mostra como a corrupção e as formas do sistema se organizar são letais até hoje – mesmo que por outros tipos de “Irlandeses”.
    Daniel Novaes
    Daniel Novaes

    7.357 seguidores 824 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 7 de dezembro de 2019
    Um filme cru... sem romances, seco, finito (mas não tão definitivo assim). Grande obra! Digna de todos os elogios que recebe.
    Nabokova
    Nabokova

    13 seguidores 111 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 7 de dezembro de 2019
    O Irlandês é um dos filmes de máfia menos sanguinolentos do cinema. Não tem crueldade gratuita, torturas... Se fosse possível assistir sem saber antes que é um filme de máfia, a pessoa poderia até passar o filme inteiro sem saber isso. Se fosse pra considerar que não existe em absoluto qualquer clima pesado, tensão, medo, terrorismo, e que os mafiosos e simpatizantes são todos educados, serenos, piadistas, e até as ameaças de morte são feitas com gentileza. É mais uma comédia policial que um policial violento. (Encontros do Al Pacino com o baixinho Pro estão entre as melhores). Mas não pastelão, obviamente, humor mais sutil. Talvez Scorcese não quisesse uma classificação assim mas é impossivel evitar. Aliás, parece também um filme de máfia com mafiosos já cansados e judiados feito por um diretor cansado. Mas isso tudo consegue ser adjetivo, e não fracassos. Al Pacino está impagável e certamente será indicado ao Oscar. Não tem nada de novo nesse filme, os alicerces cruciais são a presença magnética e engraçada de Al Pacino, e o carisma de De Niro, e, provavelmente depois de um tempo, você vai esquecer qual era a história. Mas, simplesmente, é Scorcese. Ele não faz filme chato de ver. Simplesmente você não consegue parar de assistir. Podia ser 5 estrelas mas o final vai ficando fraco, parece que deu preguiça de pensar num final que envolvesse mais o espectador. Final de filme não dá pra vacilar.
    Sidney G.
    Sidney G.

    6 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    3,0
    Enviada em 6 de dezembro de 2019
    Nada mais do que os antigos filmes de máfia que o diretor Martin Scorsese faz a décadas ,Sempre o mesmo do mesmo ,
    Horácio Neto
    Horácio Neto

    5 críticas Seguir usuário

    4,5
    Enviada em 4 de dezembro de 2019
    Filme muito bom! Para os níveis de filmes originais da Netflix é uma obra de arte. São mais de 3 horas que passam rápido, final triste e melancólico que mostra uma faceta interessante da vida de um mafioso.
    Terapeuta de Cães
    Terapeuta de Cães

    6 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 4 de dezembro de 2019
    Sem dúvidas, temos aí o filme do ano. Scorsese explora, com louvor, a natureza do mafioso. O mafioso que luta, sobretudo, para existir, criar seus filhos e encarar a solidão e o peso de suas escolhas. Isso, sem contar as atuações do Deus Pacino, do gênio De Niro e do incrível Pesci.
    Rodrigo C
    Rodrigo C

    5 seguidores 48 críticas Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 3 de dezembro de 2019
    Melhor filme de Scorcese, fugindo dos padrões originais Netflix direto para o cinema, forte concorrente ao Oscar. filme extraordinário que disseca a velha guarda da máfia com atores excelentes!
    Daniel Azevedo
    Daniel Azevedo

    5 críticas Seguir usuário

    2,0
    Enviada em 3 de dezembro de 2019
    Filme chato. Não serve nem para amarrar os cadarços de "O Poderoso Chefão 01". Uma pena: pois criei muita expectativa em razão da direção e elenco.
    Lucas M.
    Lucas M.

    6 seguidores 33 críticas Seguir usuário

    2,0
    Enviada em 24 de dezembro de 2019
    Olha, sinceramente pra mim, eu não curti o filme, achei lento, maçante e chato, teve momentos que me prendeu, mas demorei quase três dias pra terminar de ver, parava e continuava pois me entediava e o filme seguia em macha lenta, sem falar que reparei em um erro bizarro de continuidade na tentativa de matar a personagem do al pacino. São lendas vivas, adoro esses atores, mas realmente não curti.
    Joao Pedro A.
    Joao Pedro A.

    3 seguidores 1 crítica Seguir usuário

    5,0
    Enviada em 3 de dezembro de 2019
    De prender a atenção, Martin conseguiu entregar uma obra prima, reunindo ótimos atores com uma parte da história americana digna de admiração, retratando de maneira cronológica a vida de Frank Sheeran, e ao mesmo tempo mostrando o que ocorria dentro da mafia infiltrada nos estados unidos.
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