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    Homem de Ferro 3
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Homem de Ferro 3

    Uma grande brincadeira

    por Francisco Russo

    Uma das belezas do roteiro de Batman Begins é o uso da teatralidade na composição do próprio herói encarnado por Bruce Wayne. Ao dominar as sombras e o medo ele aumenta a dimensão de seu alter-ego, amedrontando os inimigos antes mesmo de combatê-los, apenas pelo que representa. Se você achou estranha esta citação ao filme do Homem-Morcego que redimensionou o personagem, é porque provavelmente ainda não assistiu Homem de Ferro 3. Há muito de Batman Begins naquela que é a grande surpresa da nova aventura do super-herói metálico – a qual, obviamente, não será revelada neste texto em respeito ao leitor. Entretanto, é possível destacar uma boa dose de ousadia por parte dos roteiristas, não apenas pela situação em si mas pelo que representa dentro do panorama político internacional. Não é preciso pensar muito para fazer uma rápida – e interessante – analogia com o que acontece no cenário atual.

    Dito isto, é importante ressaltar que Homem de Ferro 3 é uma grande brincadeira, cuidadosamente coordenada pela própria Marvel. Em seu primeiro trabalho após o estrondoso sucesso de Os Vingadores, o estúdio resolveu alçar o filme a um nível de grandiosidade inédito na série. Tudo aparenta ser uma grande orquestra, cujo regente é Tony Stark e os movimentos visam formar um espetáculo para os olhos. Sim, pois o filme possui cenas que impressionam não apenas pela qualidade nos efeitos especiais – o ataque à mansão de Malibu é espetacular -, mas principalmente pela facilidade com que tudo acontece. O melhor exemplo é a batalha final, na qual um verdadeiro esquadrão de armaduras passeia pela tela ao bel prazer da necessidade de momento. Simples assim.

    Entre a grandiosidade e a teatralidade, Homem de Ferro 3 oferece ao espectador exatamente aquilo que se espera de um filme deste tipo: humor, ação e surpresas. Robert Downey Jr. mais uma vez compõe um Tony Stark debochado, mesmo que em doses menores e menos inspiradas do que o mesmo personagem em Os Vingadores. Há um lado mais humano em Stark, mais falível, ressaltado também pelo maior destaque dado ao milionário em detrimento de seu alter-ego metálico. O Homem de Ferro em si tem menos espaço na trama, o que não significa que os trajes não sejam quase onipresentes. Há no filme um duelo implícito entre homem e máquina, no sentido de um completar o outro sem que haja um grau de dependência. Com isso Stark conduz os trajes como se fossem meros brinquedos, ajudando a compor o clima de brincadeira que impera durante boa parte do filme. Além disto, dá ao espectador a chance de ver Downey Jr. exercitando seu lado heróico sem precisar da muleta das armaduras.

    Entretanto, nem tudo é perfeito no longa-metragem. Há ao menos dois pontos mal desenvolvidos na história como um todo, referentes à personagem de Rebecca Hall e à própria tecnologia Extremis. Em determinado momento o roteiro aparenta pouco se importar em explicar melhor a função de cada um dentro da trama, usando-os apenas para produzir mais cenas de ação e momentos de impacto emocional. Outro ponto a se ressaltar é a questão da violência. Isto não chega a ser um ponto negativo, mas choca ver Tony Stark lidando com a possibilidade de matar de forma tão natural. Homem de Ferro 3 é, sem dúvidas, o filme mais violento dentre os estrelados pelo super-herói, mesmo que não seja uma violência explícita. Além disto, os mais puristas podem ficar ofendidos com algumas mudanças importantes em um personagem clássico dos quadrinhos.

    Com diversas cenas em que Tony Stark pode usar à vontade seu sarcasmo inconfundível e uma edição esperta, que cria algumas surpresas para o espectador, Homem de Ferro 3 diverte bastante. É também um filme que avança na história do personagem, promovendo mudanças que com certeza influenciarão sua participação nos próximos filmes. Apesar de trazer um certo clima de fim de festa em seu desfecho, a última frase mostrada nos créditos finais não deixa dúvidas: “Tony Stark voltará”, no melhor estilo James Bond. Nem que seja apenas para Os Vingadores 2, no ainda longínquo 2015. Fica também o lembrete de que o filme, assim como os demais produzidos pela Marvel, conta com uma cena pós-créditos. Mais divertida, no espírito do filme, do que apontando os caminhos que o universo Marvel seguirá daqui para a frente. Vale a pena aguardar um pouco para dar mais algumas risadas.

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