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    Caça às Bruxas
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    Caça às Bruxas

    Feitiço que funciona

    por Roberto Cunha

    Uma coisa é certa na carreira de Nicolas Cage: ele conseguiu conquistar seu espaço no cinema e afastou o fantasma do tio Francis Ford Coppola. Por outro lado, se existe algo de incerto, seus projetos estão no topo da lista. Depois de emplacar sucessos no passado, o ator vem amargando fracassos de crítica e de público, e isso acaba respingando em quase tudo que se envolve. É o que parece ter acontecido, por exemplo, com Caça às Bruxas. Orçado em US$ 40 milhões, o filme não foi bem nas bilheterias americanas e, quatro semanas após a sua estreia, arrecadou pouco mais da metade deste valor. Ao redor do mundo, porém, seu desempenho foi melhor e, de certa forma, até recuperou o investimento. No Brasil, a estreia foi na liderança com um número considerável de espectadores. Escondido da crítica pela distribuidora, o resultado da estratégia parece ter dado certo. Mas ficou a dúvida se era, realmente, necessário. E a pergunta que você pode estar fazendo neste momento é se ele é bom ou não.

    A aventura tem todos os ingredientes que o público costuma gostar. Bom clima de mistério, ambientação, locações belíssimas no velho continente, uma tinta de terror aqui e ali, e efeitos especiais honestos. Se adicionar ao caldeirão a presença do astro com seu carisma natural, pitadas daquele humor básico, e uma história que tem começo, meio e um bom fim, o resultado não é nada diferente de entretenimento. Behman (Cage) e seu fiel escudeiro Felson (Ron Perlman) são guerreiros imbatíveis a serviço da Igreja, durante o período das Cruzadas. Para eles, matar era só uma questão de fazer as contas para saber quem iria bancar a farra depois da vitória. Trocando em miúdos, os caras eram mercenários de marca maior. Até o dia em que bateu um estranho sentimento nos dois após uma batalha onde morreram mulheres e crianças. Esse conflito moral acabou afastando eles das missões, tornando-os "devedores" frente aos desígnios dos defensores da fé. Mas a peste e o desespero dos governantes diante daquilo que consideravam ser o verdadeirom mal, fez com que a dupla fosse contratada para levar uma suposta bruxa para ser julgada em um monastério. Em troca, teriam seus débitos esquecidos.

    Assim, com uma boa trilha, personagens coadjuvantes apenas interessantes, mas coerentes, e um roteiro razoável (bem amarradinho), a trama vai se desenrolando sem maiores defeitos ao longo da viagem, seguindo aquele padrão "X entram na arena e somente Y sairão". Dirigido por Dominic Sena, do muito fraco Terror na Antártida e do bom 60 Segundos (também com Cage), Caça às Bruxas não chega nem perto de uma obra prima, mas está longe de ser feitiço que vira contra o feiticeiro e vale a pena ser visto porque funciona.

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