Segundo a descrição do próprio diretor do filme, o curitibano Marcos Jorge, Estômago “pode ser definido como ‘uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária’”. É, acho que essa é mesmo a descrição perfeita.
O roteiro traz a história da ascensão e da queda de Raimundo Nonato, um nordestino que, como tantos, vem tentar a vida no sul do Brasil e se descobre, no fim das contas, um exímio cozinheiro. Sua vida muda e ele se depara um mundo novo, repleto de aromas, sabores e amores que ele nunca experimentou. Como todo bom ser humano, Nonato acaba se deixando consumir pelos sentimentos e comete um crime que o leva à prisão, onde ele usa seus dotes culinários para adquirir o poder que almeja.
Logo em sua estreia nacional, no Festival do Rio de 2007, Estômago já levou de cara quatro prêmios: melhor filme pelo público, melhor diretor, melhor ator e prêmio especial do júri. Em sua estreia europeia, mais sucesso: Lions Award no Festival Internacional de Rotterdam, na Holanda; e participação especial no Festival de Berlim de 2008, com direito a jantar inspirado nos pratos do filme. Logo depois disso, o filme ainda angariou o prêmio de melhor filme no Festival de Punta del Este, no Uruguai. A lista é longa.
A produção foi um completo sucesso de público e crítica, mas, por motivos bastante conhecidos dos brasileiros – as famosas “costas quentes” –, perdeu a nomeação para a indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro para um filme que não vou nem me dar o trabalho de mencionar. Uma pena, pois além de muito bem produzido, o filme traz um ótimo elenco, que abrilhanta a produção com sua excelente interpretação, e um roteiro muito bem amarrado, que faz deste um dos meus filmes brasileiros preferidos.
Uma fábula nada infantil sobre poder, sexo e culinária. É isso aí.