Professor Sem Classe é um daqueles filmes que, se você teve a infelicidade de perder nos cinemas, certamente vai alugar posteriormente e, ciente de seu "aguçado" senso crítico, vai achar uma obra-prima inovadora e verossímil, já que todas as piadas do filme lhe parecerão ousadas e bem construídas. Depois, cerca de um ano depois, quando este mesmo filme estiver sendo anunciado na TV aberta com uma frase do tipo “você não pode perder, pois essa professora vai tirar você do sério!”, você fará um esforço de memória e, por incrível que pareça, não se lembrará de ter visto em sua casa. E aí você vai se preparar pra assistir na televisão e, pasmem, tirar as mesmas conclusões de outrora!
Mais aí você se pergunta: porque eu me esqueceria de um filme do qual julguei tão bem anteriormente? Eu até lhe responderia, mas aí a ironia perderia a graça!
O fato é que Professora Sem Classe é um daqueles filmes cujos melhores momentos são bons porque mexem com nosso imaginário, afinal de contas, não há nada mais original do que trazer a protagonista em trajes provocantes enquanto lava carros para arrecadar alguns trocados (com direito a gorjeta do bolso da calça, humm…), deixando os marmanjos e os pré-adolescentes ali fascinados e embasbacados (confesso que senti falta do garotinho fascinado que deixa o sorvete derreter na mão!). Ou aquele onde a professora rival de Elisabeth (Emily Punch) entra no banheiro masculino, atrapalhando o pobre diretor de fazer o… Vocês sabem… Número 2! Ou a forma como o brilhante ator Justin Timberlake concebe seu personagem como um sujeito sensível e que tem uma experiência ao… Experimentar comidas exóticas. Ah, e ele não gosta de tubarões. “Destroem as famílias”, argumenta. E o diretor que tem uma queda por golfinhos? Hiláááaáário.
Mas se você ainda não se convenceu do quanto Professora Sem Classe é bom, prestem atenção no personagem que se deixa seduzir por uma falsa repórter e depois é chantageado por ela com fotos comprometedores. O ator em questão é genial ao nível de Rob Schneider! Mas, nem mesmo esse filme é perfeito. Não gostei do Prof. Russell (Jason Segel). Que cara chato. Porque ele não deixa o Scott em paz, não vê que Scott é sensível demais pra perceber que é constantemente ridicularizado por causa de sua incompreendida sensibilidade? Seja como for, é um bom duelo entre ótimos atores.
Sabem de uma coisa? Que filme bom. Boa direção, roteiro, interpretações que passam beeeeem longe do Framboesa de Ouro. Assistam, e não se arrependerão. Sejam como aquele personagem do filme que, ao ver o filho recitar um poema, pede a licença e, emocionado diz: “meu filho é um poeta, um gênio”. Aí, com lágrimas nos olhos, você vai caminhar para fora da sessão, parar, olhar para trás, e dizer em voz alta: “valeu cada centavo”.